b. Os primeiros acontecimentos do reinado de Davi (14:1-17). Os detalhes interes-santes, aqui apresentados, confirmam o julgamento da nação, de que Davi era o escolhi-do de Deus (cf. 2 Sm 5:11-25).

(1) A cooperação de Hirão (14:1-2). Este rei não deve ser confundido com o homem de mesmo nome, que se encarregou da construção do Templo, sob o reinado de Salomão. Aquele era um talentoso artesão, cujo pai era um homem de Tiro e cuja mãe era israelita. Hirão reconhece Davi como rei ao fornecer-lhe a matéria-prima para o desenvolvimento de Jerusalém.

(2) Salomão é apresentado (14:3-7). Novamente são enumeradas as esposas que Davi tomou em Jerusalém, e as treze crianças ali nascidas. Salomão é o quarto filho nascido de Davi na cidade santa (cf. 3:5-8).

14:1

Essa narrativa ilustra que a despeito da falha de Davi (cap. 13), Deus o firmou e o abençoou. Aparecem aqui três itens: os preparativos para a construção do palácio (14.1,2), os filhos de Davi nascidos em Jerusalém (14.3-7), e a vitória de Davi sobre os filisteus (14.8-17).

* 14:2

O SENHOR o confirmara rei... por amor do seu povo de Israel. Davi reconheceu que o estabelecimento de seu reino era uma bênção para o povo. Depois de seu exílio na Babilônia, os leitores seriam encorajados por essas observações, em sua esperança de ter um novo rei davídico (2Cr 2:11, nota).

* 14.8-12

A vitória de Davi sobre os filisteus contrasta com a derrota de Saul (10.1-7). Davi inquiria pela vontade do Senhor (14.10,14); Saul tinha consultado uma médium espírita (10.13). Esse evento também contrasta com a tentativa fracassada de Davi de devolver a arca para Jerusalém (13 1:14). E se Davi ficara chocado diante da ira do Senhor contra Uzá (13.11), agora ele declarava que Deus "rompeu as fileiras inimigas" contra os filisteus (14.11).

* 14:8

todo o Israel. Ver nota em 11.1.

* 14:12

que se queimassem. Davi seguiu os regulamentos mosaicos nesses atos (Dt 7:5,25).

* 14:17

temível a todas aquelas gentes. Este versículo foi adicionado à narrativa de 2Sm 5, ressaltando a fama internacional de Davi (v. 1, nota). Davi mostrava-se poderoso contra os seus adversários. Outras nações viam o poder de Deus nas vitórias do rei de Israel e temiam (Js 2:11; 2Cr 17:10; 20:29). Os leitores do livro seriam encorajados a esperar por um novo Davi, que derrubaria as potências mundiais seculares (Ag 2:6,7,20-23; Zc 9:1-13).

14:2 Deus deu ao Davi honra e êxito ("tinha exaltado seu reino"), mas não simplesmente para seu benefício pessoal. Davi se deu conta de que Deus o tinha prosperado por uma razão especial: pelo bem de seu povo! Freqüentemente somos tentados a usar nossa posição ou posses só para nosso próprio benefício. Pelo contrário, devemos recordar que Deus nos colocou onde estamos e nos deu tudo o que temos para que possamos animar a outros e compartilhar com aqueles que estão em necessidade.

14:3 O costume da realeza do Meio Oriente naqueles dias era acumular algemas e concubinas, mas este não era o ideal de Deus (Gn 2:24). Os matrimônios do Davi lhe deram grande poder e influência, mas também provocaram conflitos, ciúmes e até assassinatos dentro de sua família. (Veja o quadro em 2 Smamuel 11 para outras conseqüências da poligamia.)

14.8-16 Em 2 Smamuel 5 se encontra um mapa desta batalha.

14:10 antes de que Davi fora à batalha, falou com Deus, lhe pedindo sua presença e direção. Com muita freqüência esperamos até estar em meio de um problema para nos voltar para Deus. Para então, as conseqüências de nossas ações já estão desdobradas. Quando pede ajuda a Deus? Solo como um último recurso desesperado? Pelo contrário, vá ao primeiro! ao igual a Davi, você pode receber uma ajuda incrível e evitar sérios problemas.

14:12 A ação rápida e decisiva do Davi contra os ídolos o ajudou a unificar seu reino e represar às pessoas à adoração do Deus único e verdadeiro. O obedeceu a lei que dizia, "seus altares destruirão, e quebrarão suas estátuas, e destruirão suas imagens da Asera, e queimarão suas esculturas no fogo" (Dt 7:5). A maioria dos sucessores do Davi fracassaram em destruir os ídolos e isto conduziu a uma incrível corrupção moral no Israel.

14:12 Com freqüência os soldados queriam ficar com lembranças da batalha (e 2Sm 5:21 afirma que alguns dos homens ficaram com alguns destes ídolos), mas Davi ordenou que queimassem os ídolos. A única resposta adequada ao pecado é desprender-se dele por completo. Você não pode ser um seguidor de Deus enquanto continue agarrado de partes de sua vida passada que empurram a Deus fora do centro de seus pensamentos e ações. Destrua algo em sua vida que tome o lugar legítimo de Deus e siga-o com toda devoção.

Este capítulo interrompe a conta de levar a arca da aliança para Jerusalém. Depois de referências a palácio e família de Davi, o cronista passa a descrever importantes vitórias de Davi sobre os filisteus. E quando os filisteus ouviram que Davi foi ungido rei sobre todo o Israel, todos os filisteus subiram em busca de Davi (v. 1Cr 14:8 ). Porque Davi fielmente consultou ao Senhor, ele foi capaz de ganhar duas vitórias impressionantes sobre os filisteus. E a fama de Davi se espalhou por todas as terras (v. 1Cr 14:17 ).

14.3 Mais mulheres. Algo proibido pela lei (Dt 17:17).

14.8 Esse ataque deve ter sido desfechado pouco depois de sua unção nacional, antes mesmo da captura de Jerusalém.
14.10 Davi consultou a Deus. • N. Hom. Razões por que Davi era "homem segundo o meu coração" (At 13:22):
1) Reconhecia que Deus o fizera rei (14,2) e que era apenas um instrumento da graça de Deus;
2) Inquiria a Deus em tempos de tribulação e não confiava em sua própria sabedoria (14.10);
3) Dava a Deus a glória pelas suas vitórias (14.11);
4) Destruiu os pagãos em obediência à ordem de Deus (14.12);
5) Esperava pelo sinal de Deus para fazer algo (14.14);
6) Obedecia sem perguntas ou reservas, e assim obtinha a vitória. Davi era humano e, portanto, um pecador, mas Deus encontrou nele admiráveis qualidades.

14.11 Baal-Perazim. lit. "senhor da infração".

14.12 A lei exigia que as imagens fossem queimadas (Dt 7:5, Dt 7:25). As nações geralmente levaram suas imagens à batalha. A crença é que as imagens tinham virtude própria que ajudava a obter a vitória militar. Comparar 2Sm 5:21.

14.16 Gibeom até Gezer. Cerca Dt 18:0; Jo 6:38; Jo 8:29.

Os ataques dos filisteus (v. 8-17) são registrados como tendo ocorrido assim que souberam que Davi tinha sido ungido rei de todo Israel (expressão predileta do cronista). Eles atacaram no vale de Refaim, e Davi, depois de buscar o conselho de Deus, os atacou em Baal Perazim, lugar assim chamado em virtude da batalha em que os filisteus foram estraçalhados (conforme Perez Uzá, 13.11). As declarações do cronista no v. 12 diferem do texto paralelo em 2Sm 5:21. Era praticamente impensável para ele que Davi e seus homens tivessem feito outra coisa senão queimar os ídolos. O segundo ataque ocorreu assim que eles tinham reagrupado as suas forças, e dessa vez a derrota foi ainda maior, sendo os filisteus perseguidos até a fronteira do seu próprio território, livrando assim aquela região de Israel desde Gibeom atéGezer (v. 16). Não é de admirar, como afirma o cronista, que o resultado dessas vitórias de Davi foi que o Senhor fez com que todas as nações o [Davi] temessem (v. 17).

B. A Ascensão de Davi. 11:1 - 20:8.

Depois da morte de Saul em 1010 A.C., Davi foi ungido em Hebrom, rei sobre a tribo de Judá (lI Sm. 1Cr 2:4). Mas ele foi rejeitado como monarca nacional (2Sm 2:5, 2Sm 2:6) quando Isbosete, o filho de Saul, foi coroado pelas tribos do norte e leste (2Sm 2:8, 2Sm 2:9). O cronista, entretanto, ignora este período inglório de sete anos e meio (2Sm 5:5) de disputa pela sucessão, guerra civil e domínio filisteu (cons. 2Sm 3:1), e passa rapidamente para os acontecimentos depois do reconhecimento de Davi sobre todo Israel (1003 até cerca de 995 A.C.) - I Crônicas 11:1 - 20:3 faz, assim, um paralelo com II Sm. 5-10 (omitindo o cap. 1Cr 9:1, a bondade particular de Davi para com Mefibosete), desenvolvendo-a. Descreve como tomou Jerusalém, que veio a ser "a cidade de Davi", sua capital política, junto com seus aliados militares (caps. 11-12). Narra como obteve a independência dos filisteus (cap. 1Cr 14:1) e como centralizou o culto instalando a arca em Jerusalém, que assim veio a ser também a capital religiosa de Israel (caps. 1Cr 13:1; is ;16). Registra o avanço dos seus exércitos vitoriosos em todas as direções (caps. 18-20).

O clímax é atingido na profecia divina através de Natã (cap. 1Cr 17:1): "Eu fui contigo, por onde quer que andaste . . . abati a todos os teus inimigos" (1Cr 17:8). Esta mensagem de esperança não se aplica somente a Davi, mas a "o meu povo Israel . . . para tempos distantes" (1Cr 17:9, 1Cr 17:17); à lutadora comunidade de Esdras; à igreja do grande Filho de Davi, de quem Deus disse: "Ele me será por Filho" (1Cr 17:13); e ao reino, que ainda está para ser consumado, do Messias, cujo 'trono será estabelecido para sempre" (1Cr 17:14).

1Cr 14:1); e, durante seus anos em Hebrom, que coincidem com a terceira grande opressão deles (1010-1033 A.C.; veja 1Cr 10:1), antes mesmo da tomada de Jerusalém (cap. 1Cr 11:1; veja v. 1Cr 14:15, observação). Mas como dependia do poder divino, Davi foi capaz de enfrentar as duas invasões e conquistar a independência de sua nação. A lição é permanentemente válida para o crente: "Deus saiu diante de ti a ferir o exército dos filisteus" (v. 1Cr 14:15).

2. ACONTECIMENTOS NO COMEÇO DO REINADO DE DAVI (1Cr 14:1-13). Ver 2Sm 5:11-10 e respectivas notas. Quanto aos versículos 4:7, ver notas sobre 1Cr 3:5-13. E ordenou Davi que se queimassem a fogo (12). Crônicas evita deliberadamente a possível ambigüidade de 2Sm 5:21. Quanto à queima, ver Dt 7:5, Dt 7:25. Gibeom (16); em 2Sm 5:25 lemos Gibeá ou Geba, embora os LXX tenham também Gibeom.