Dicionário de Sinônimos
Fonte: Dicio
Aberração: absurdo, desrazão, contrassenso, destampatório, despropósito, extravagância, destempero, desatino, disparate, desconcerto, desvairo, despautério, desconchavo; erro, error, falta, claudica- Dicionário de Sinônimos da Língua Portuguesa 31 ção, engano, descuido, equívoco, lapso; desacerto, desvio, descaminho, descaída, queda, deslize, patada, cinca. – Aberração3 significa propriamente o “ato de sair do caminho direito (aberrar), perder-se no caminho”; por extensão, aplicado a fatos de psicologia, quer dizer “o erro que comete quem se desvia das leis do espírito, ou dos princípios da lógica. Toma, portanto, uma acepção que o aproxima de absurdo, pois este vocábulo enuncia “o que é contrário ao senso comum”, aquilo que está “em colisão com a consciência”. “Este homem tem perpetrado tais absurdos, ou cometido estas aberrações”... Mas entre absurdo e aberração deve notar-se pelo menos esta diferença facilmente perceptível: absurdo é termo genérico e que, em certos casos, poderia confundir-se com abuso: designa simples infração de raciocínio. O que é absurdo ao sentir ou ver de uns pode deixar de o ser ao de outros. Aberração, além de mais preciso, é mais forte, e só se deve aplicar a deformidades e a erros extraordinários. Decerto que tratando de Lutero não diria o padre católico: “os absurdos”; mas; “as aberrações do demônio”... Revendo um tema, não diria o professor ao aluno: “Disseste, ou cometeste aberrações”; mas: “Disseste absurdos”... Dizemos também: “as aberrações do espírito humano”; e não: “os absurdos”, etc.; porque absurdo é o fato “em si mesmo, determinado, flagrante, concreto”, ao passo que aberração enuncia a ideia geral de aberrar, verbo de predicação muito mais vaga. – Desrazão significa propriamente “contra a razão”, “contrário ao que é razoável”. – Contrassenso é o mesmo que “contrário ao senso comum, ao modo de ver de todo mundo”. Desrazão e contrassenso são casos particulares de absurdo; são erros de certa ordem, uns percebidos quando colidem com o entendimento (desrazões), outros percebidos ainda mais prontamente, como se apenas o bom senso, ou mesmo os sentidos materiais bastassem para senti-los (contrassensos). – Destampatório é “extravagância ou despropósito descomunal”. – Despropósito é “dito ou ação fora de propósito, ou em desacordo com aquilo de que se trata”. – Extravagância é “tudo o que se desvia das normas usuais do bom senso e da boa razão” (Aul.). – Destempero é extravagância “mais estrondosa e deplorável”. “F.comete às vezes umas tantas extravagâncias, mas nunca chegou a tais destemperos”. – Desatino é “falta de tino, de aprumo, de equilíbrio mental”, é destempero que chega a parecer excesso de doido. – Disparate é desatino que tem “mais de graça que propriamente de doidice”; é o que não está “no mesmo tom, que não se ajusta à ordem de ideias ou de fatos que se seguia”. – Desvairo (ou desvaire) será o desatino “leve e sem a graça do disparate”. – Desconcerto é “disparate sem espírito, transviamento da linha em que se ia, confusão produzida por desvio do normal”. – Despautério é forma popular de disparate, e diz “absurdo, despropósito que não vale a pena de combater ou destruir”. – Desconchavo é também o que “desgarra das normas, ou do que se dizia, ou do que se tinha assentado”. – Erro é “tudo o que não se concilia com a razão, ou melhor com a consciência vigente; devendo considerar- -se que parece inseparável da ideia de culpa; e por isso aproxima-se muito de falta, conquanto seja este menos forte nesta acepção. “Simples faltas que nem se podem ter por erros...” – Error é, além de forma erudita, “uma extensão de erro”; é como se disséssemos, principalmente no plural, persistência ou “reincidência numa série de erros”, e mais: “erros de entendimento ou de juízo que de 3 Diz Laf. – Intr. LXXIX – que aberração era um termo de astronomia somente antes do começo do século XIX. 32 Rocha Pombo conduta”. Claudicação é propriamente o “ato de coxear”; e no sentido figurado designa o “ato de cometer erros por defeito de espírito, ou por falta de noção exata do dever”. – Engano será o “erro ou a falta cometida sem culpa, mais por ilusão do que em consciência, e sempre sem as proporções e a gravidade que tem o erro propriamente”. – Descuido é o “engano cometido por falta de atenção”. – Equívoco é menos que descuido: é o engano “cometido contra a vontade ou intenção de quem o comete”. – Lapso é quase equívoco: é engano devido mais à falta de memória que a desmazelo ou ignorância. Exemplo: “Repetem-se os lapsos; já ele não sabia explicar tão frequentes equívocos; depois, não tiveram mais desculpa os muitos enganos; e por fim, estes, que podiam passar como apenas claudicações censuráveis, viram todos como erros que logo tomaram o caráter de verdadeiros crimes”. – Desacerto é “erro ou falta cometida por irreflexão ou inadvertência”. (Aul.) – Desvio e descaminho quase que se equivalem; notando-se, porém, que descaminho é o “fato de tomar caminho errado, ou de perder o caminho certo ou direito”; e desvio é o “ato de mudar de rumo, ou da direção em que se ia ou que tinha de ser seguida.” Podem, em certos casos, aplicar-se a erros de entendimento; mas, em regra, assentam mais propriamente a faltas de senso prático. – Descaída, queda, deslize equivalem quase a claudicações: queda sugere de mais a ideia de culpa ou de pecado; descaída é mais “deslize ou lapso que propriamente queda”, aumentando àqueles a ideia “de ingenuidade ou inconsciência”. Deslize é “ligeiro desvio da linha, do reto caminho”. “Os seus deslizes nem são descaídas quanto mais quedas”. – Patada é plebeísmo que significa “despropósito grosseiro, erro brutal; e inclui ideia de asneira agressiva”. – Cinca (ou cincada) é “erro de ofício”, ou “falta cometida por imperícia”.