Leia a Bíblia

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Este texto, com cap. 18 e 33,10-20, marca um progresso decisivo no desenvolvimento da doutrina moral do AT. Os antigos textos consideravam sobretudo o indivíduo como integrado à família, à tribo, mais tarde à nação. Noé (Gn 6:18) é salvo junto com os seus. Abraão, chamado por Deus (Gn 12), arrasta consigo para Canaã o seu clã inteiro. Essa concepção também se aplicava à responsabilidade e à retribuição. Se Abraão (Gn 18:22-23) intercede por Sodoma, não é para que os justos sejam separados e poupados, mas para que, atuando a solidariedade em sentido contrário, eles evitem ate mesmo aos maus o merecido castigo. Parecia normal que uma cidade ou nação fosse castigada em bloco, os justos com os pecadores, e que a sorte dos filhos correspondesse à conduta de seus pais (Ex 20:5; Dt 5:9; 7,10, cf. Jr 31:29 = Ez 18:2). Porém, a pregaçao dos profetas tinha que dar ênfase ao individual e aplicar assim um corretivo aos velhos princípios. Embora Jeremias apenas entreveja no futuro a superação da solidariedade das gerações na culpa e na sanção (Jr 31:29-30), já o Deuteronômio protesta contra o castigo dos filhos por causa dos pais (Dt 24:16, cf. 2Rs 14:6). Enfim, Ezequiel (havendo recebido, na visão dos cap. 8-10, a certeza de que o castigo iminente de Jerusalém corresponde aos seus pecados presentes) torna-se o campeão e como que o teórico da responsabilidade pessoal. A salvação de um homem ou a sua perda não dependem dos seus antepassados nem dos seus próximos, nem sequer do seu próprio passado. Só as disposições atuais do coração entram em linha de conta diante de Iahweh. Tais afirmaçoes radicalmente individualistas serão, por sua vez, corrigidas pelo princípio de solidariedade expresso pelo 4° cântico do Servo (Is 52:13-53,12, cf. Is 42:1+). Por outro lado, aplicadas com rigor numa perspectiva puramente temporal, elas deviam ser contraditadas pela experiência cotidiana (cf. Jó), e essa contradição chama um novo progresso que será trazido pela revelação de uma retribuição além-túmulo (cf. Introdução aos livros sapienciais, p. 594). Enfim, o NT (em especial são Paulo), ao fundamentar a esperança do cristão na solidariedade pela fé com o Cristo ressuscitado, satisfará ao mesmo tempo a reivindicação individualista de Ezequiel e a lei da solidariedade, no pecado e na redenção, da humanidade criada e salva por Deus.

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Três heróis populares que a tradição israelita bem conhecia: Noé, cuja lembrança é conservada pelos relatos de Gn 6:9; Jó, cuja lenda devia inspirar um dos mais belos poemas bíblicos; finalmente Danel, desconhecido da Bíblia (exceto Ez 28:3), mas cuja sabedoria e justiça eram celebradas pelos poemas de Ras-Shamra.