Cartas do Evangelho
Versão para cópiaCARTA AOS CEGOS
Casimiro Cunha
Na romagem dolorosa Da vida de provação, Também trazia os meus olhos 1guais aos teus, meu irmão.
Mas, se a estrada era obscura, Se a noite era tão sombria, Guardava, como tu guardas, As vibrações de alegria.
É que, entre as sombras terrestres, Na tua meditação, Sabes ver os resplendores Das luzes da redenção.
Talvez que de olhos sadios Deixastes o teu sensório Perder-se pelo caminho Do sentimento ilusório.
Todo aquele que recebe A provação da cegueira, Sabe orar, sabe esperar, Vendo a vida verdadeira.
Não percas a tua fé.
A crença é a grande conquista De quem resgata no mundo O abuso dos dons da vista.
Guarda a esperança em Jesus, Na dor, não te desanimes. . .
A cegueira é o resultado De muitos dos nossos crimes. . .
Nos tempos que já se foram, Muitos de nós, meu irmão, Fomos verdugos terríveis, Plantando a desolação.
Os grandes desvios d
'alma, No erro amargo e mesquinho, São reparados na sombra Que nos envolve o caminho.
A cegueira é uma estação De corrigenda ou de cura, Onde o espírito se aclara Visando a estrada futura. . .
Portanto, as horas de sombra, No curso de uma existência, São nossa reintegração No amor e na inteligência.
Meu amigo, continua Alegre na fé, no amor;
Quem não sente a Luz de Deus É um cego mais sofredor.
Também fui cego do corpo, Na senda de expiação, Mas nunca guardei comigo As trevas do coração.
Depois das sombras espessas Nas lutas da humanidade, Verás a alvorada eterna Da luz da Imortalidade.
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