Cartilha Da Natureza. A Criação

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CAPÍTULO 74

O GRANDE RIO

Casemiro de Abreu Em marcha laboriosa, No sulco amplo e sombrio, Profundo e silencioso Eis que passa o grande rio.

Ao seu seio dadivoso, Afluem fontes da serra, Ribeiros de níveis altos, Detritos de toda terra.

O rio mais elevado Desce os montes à procura De sua paz generosa Na marcha calma e segura.

Por saber harmonizar-se Nos bens do mais baixo nível, Conserva toda a imponência Da grandeza indefinível.


Faz caminhos gigantescos, Cria povos eminentes, `

É ele quem leva ao mar As águas dos continentes.

É pai das economias De todo o humano labor, Mas quase ninguém se lembra Dessa dívida de amor.

Que importa, porém? O mundo É o homem que esquece e cai, Sem ver a missão do bem, Nas bênçãos do próprio Pai.

O grande rio conhece A luz desse imenso arcano Sobre o nível mais humilde Busca a força do oceano.

Assim também a alma grande, Nas últimas posições, Recebe as ânsias de paz De todos os corações.


* * *

Em dores silenciosas, É o grande rio que vai, Dando o bem a todo o mundo, Em busca do amor do Pai.







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