Cartilha Da Natureza. A Criação

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CAPÍTULO 81

O MÁRMORE

Casimiro Cunha

No gabinete isolado Dos serviços de escultura, Há muita coisa que ver Com a vida da criatura.

O mármore chega em bloco Dos centros da Natureza, Em trânsito para o campo Do espírito e da beleza.

É pedra, vai ser tesouro;

É rude, vai ser divino;

Todavia, não se sabe Quando chega ao seu destino.

Golpe aqui, golpe acolá, O artista começa a luta, É o sonho maravilhoso Amando a matéria bruta.

As arestas vão caindo. . .

É a carícia do martelo, Desponta o primeiro traço Vigoroso, firme e belo.

O cinzel fere e desbasta, E, às vezes, pede o formão.

O artista prossegue atento Dando vida à criação.

Golpes fundos, ferimentos. . .

Mas, eis quando se aproxima O termo do esforço longo Na aquisição da obra prima.

Depois, é a joia formosa, De valor alto e profundo, Que as fortunas de milhões Não podem fazer no mundo.

Esse mármore da Terra, No fundo, é qualquer pessoa, O artista, é o tempo, e o cinzel, A luta que aperfeiçoa.


* * *

Quando os golpes de amargura Te cortarem o coração, Recorda o cinzel divino Que dá forma e perfeição.







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