Estudando o Evangelho
Versão para cópiaCAPÍTULO 1
Na Pregação
Na Pregação
Nos instantes de vida interior, permitidos pelas lutas que se renovam dia a dia, volve o homem o olhar para o futuro, cheio de esperança, na certeza de que a Terra conhecerá dias melhores, quando vier a se inundar das sublimes vibrações da Fraternidade Legítima.
O homem crê nesse futuro.
Nessa era de compreensão e paz entre as criaturas.
Por isso, luta e sofre, confia e espera. . .
Luta e sofre, confia e espera o advento de uma fase áurea, rica de Espiritualidade, com inteira ausência dos sentimentos inferiores que emolduram, indiscutivelmente, a fisionomia do mundo atual.
Ausência do Ódio que provoca a guerra.
Ausência do orgulho — que favorece a prepotência.
Ausência do ciúme — que acende o fogo do desespero.
Ausência da inveja — que estimula a discórdia Ausência da ambição que abre caminho à loucura.
Esse mundo melhor não pertencerá, exclusivamente, aos nossos filhos e netos, como asseguram os que crêem, apenas, na unicidade das existências.
Pertencerá a nós mesmos, às nossas individualidades espirituais empenhadas hoje, na construção desse mundo feliz.
Desse mundo onde o mal não terá acesso, onde não haverá lugar para a sombra, porque o bem e a luz lhe serão magnífica constante.
Pela Reencarnação estaremos amanhã, de novo, no cenário terrestre, aqui ou em qualquer parte, utilizando outros corpos, prosseguindo, destarte, experiências evolutivas iniciadas em remotos milênios.
Amanhã, na ceifa, colheremos o fruto do nosso plantio de hoje.
Assim como participáramos, ontem, de redentoras lutas, que se ocultaram, momentâneamente esquecidas, na poeira dos milênios, na atualidade estamos, igualmente, contribuindo para a edificação do porvir.
As conquistas de ordem material prosseguem, deslumbrantes, em acelerado ritmo.
Temos a certeza de que, pelo esforço da Ciência e pela sublimidade da Arte, desfrutaremos, mais tarde, o bem-estar e o conforto, com absoluta exclusão do egoísmo.
No entanto, na atualidade, uma série de indagações invadem o nosso Espírito.
De que valem imponentes cidades e pontes maravilhosas, interligando continentes; naves maravilhosas, cruzando o espaço, em todas as direções, e soberbos empreendimentos de Medicina, se, apesar de todo esse arrojo e toda essa audácia do pensamento humano, continuamos, em maioria, deficientes de Espiritualidade?
Permanecemos, em verdade, mendigos de amor.
Indigentes de bondade.
Maltrapilhos de compreensão.
Estátuas vivas do egoísmo.
* * *
Com Nosso Senhor Jesus Cristo teve início, na Terra, a preparação espiritual da Humanidade para os jubilosos dias do futuro.
Depois dEle, como legatários de valioso patrimônio, espalharamse os discípulos por toda a parte, visitando cidades e aldeias.
Plenos de alegria, “anunciavam o Evangelho". . .
Eram eles, já àquele tempo, os precursores, os pioneiros da Civilização do Terceiro Milênio, eis que o Evangelho é, insofismàvelmente a base, o alicerce, o fundamento, a pedra angular dessa “Civilização-Luz" que o mundo conhecerá.
Não bastou, todavia, pregassem a Boa Nova da Imortalidade durante o Cristianismo Nascente.
Nem que derramassem o sangue generoso nos circos romanos, os corpos dilacerados por leões africanos, em holocausto ao sublime ideal do Cristianismo.
Ideal sublime, contagiante, irresistível, envolvente. . . Com o tempo, cessaram os martírios físicos, as sevícias, o ultraje.
Os circos converteram-se em pó, os tiranos foram esquecidos.
O serviço de expansão evangélica prossegue, contudo.
E prosseguirá, séculos em fora, edificando as bases do mundo diferente, os alicerces do mundo melhor que desejamos, pelo qual lutamos, no qual cremos, mas que não está muito próximo, como alguns Supõem.
Sem o conhecimento, e, principalmente, sem a assimilação evangélica, tão cedo conhecerá o mundo dias melhores.
A engenharia continuará levantando os mais belos monumentos.
Multiplicar-se-ão as maravilhas do mundo.
Sublimar-se-ão as manifestações do pensamento e da cultura acadêmica.
Mas, se o Espírito do Cristianismo não for, realmente, sentido e aplicado, o mundo de amanhã — o decantado mundo do Terceiro Milênio — assemelharse-á a imensa necrópole, com soberbos e glaciais sarcófagos.
Insensíveis, sem calor, sem vida. . .
Sepultura triste — guardando as cinzas da presunção e da vaidade.
Urge, pois, seja o Evangelho intensamente anunciado, a fim de que o seu divino perfume aromatize as florestas, os campos, os mares profundos, os céus longínquos.
Não preconizamos, obviamente, o simples anúncio, oral ou escrito.
O anúncio da tribuna, do jornal, do livro, apenas. Referimo-nos, sobretudo, ao anúncio vivido, exemplificado, capaz de contagiar, de converter, de transformar quantos lhe sintam a influência dinâmica, renovadora.
Na passagem em estudo, ultrajados e incompreendidos, os pegureiros do Cristianismo fugiam para outras cidades, “onde anunciavam o Evangelho" com o mesmo denodo, o mesmo entusiasmo, o mesmo idealismo, a mesma perseverança.
Invencíveis, deixavam em suas pegadas luminosos rastilhos.
A Civilização do Terceiro Milênio ficará retardada se cruzarmos os braços, se não espiritualizarmos as aquisições humanas.
Será um agradável sonho, se não aliarmos a todas as conquistas da Ciência o mais belo aspecto da vida, que é o Espiritual.
O mais notável monumento pode converter-se, num instante, em escombro e cinza.
Mas o coração que, pela força do Evangelho, se ergue para o Amor — é luz dentro da Eternidade, que nunca mais se apagará. . .
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