Estudando o Evangelho

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CAPÍTULO 33

Mocidade e Trabalho

Ninguém despreze a tua mocidade. . .


De modo geral podemos dizer que os jovens espírítas da atualidade são almas experimentadas na sublime oficina do serviço evangélico.
Almas, pois, que respondem pela construção do mundo melhor de amanhã.
Formularam, sem dúvida, as mais edificantes promessas regenerativas, nas divinas assembleias que preparam o retorno, aos planos purificadores, de milhares de tarefeiros.
Essa plêiade de entidades que voltam ao cenário da Terra precisa de ser despertada para o combate contra as forças destruidoras que ameaçam sufocar os bons sentimentos, retardando, assim, a evolução.
Não foi por casualidade que surgiu em todos os recantos do Brasil —
“Pátria do Evangelho e Coração do Mundo" — esse movimento renovador das mocidades espíritas cristãs, esse sopro dinâmico e consciente que tende a operar, em bases evangélicas, extraordinária revolução nos costumes da sociedade hodierna.
Não constitui um acidente, na Terra de Santa Cruz, esta JUVENTUDE EM MARCHA — Juventude que estuda e trabalha, aprimorando a inteligência e o coração.
Não tem sido obra do acaso a transplantação das atividades de vultos eminentes, pela cultura e expressão moral, para o novo campo de trabalho que se desdobrou no Espiritismo: a luta, sincera e constante, pela reforma moral dos jovens, adaptando-os às tarefas doutrinárias.
Os tempos estão, realmente, chegados.
Os Ministros Divinos, sob o amoroso comando do Anjo 1smael, trabalham infatigavelmente, nos planos superiores, inspirando os seareiros encarnados na preparação do terreno.
As responsabilidades se estendem, igualmente, aos jovens.
As tarefas da mocidade espírita, em face do mundo, em face do futuro, estão ampla e claramente definidas.
Os labores evangélicos e doutrinários não comportam mais o indiferentismo, a dubiedade, a vacilação.
O momento é de luta — luta de renovação íntima.
A hora é de trabalho — trabalho fraternal.
* * *

E não se diga, impropriamente, que a tarefa pertence e cabe apenas aos servidores adultos.
Com o “nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredir continuamente", preceituado pela Doutrina, o conceito de idade física cede lugar ao conceito universal de idade espiritual.
Se o tarefeiro mais velho dispõe da bênção da experiência, adquirida no labor fecundo, possui o moço o entusiasmo que, bem dirigido, opera prodígios.
O jovem espírita, operoso e sensato, não é simplesmente uma promessa, mas uma afirmação.
O vigor físico, a saúde, o idealismo, as esperanças — tudo isso constitui a muralha granítica capaz de destroçar a ideia de que a mocidade não está em condições de cooperar, ao lado dos mais velhos, na construção das bases do mundo feliz de amanhã.
A palavra evangélica ou espírita, semeada pela juventude, será a chama abençoada que iluminará o porvir.
Todavia, o seu vigor e eficácia serão tanto maiores quanto maiores e mais positivos forem os exemplos do jovem no trabalho com o Mestre.
É indispensável que o moço, tanto quanto o velho, ao lançarem mão à charrua evangélica, para a grandiosa tarefa da regeneração da Humanidade, fiquem em condições de pregar, exemplificando.
Já disse alguém, com inteira propriedade, que a missão do próprio Cristo teria sido nula, se Ele não houvesse dado, de tudo quanto ensinou, o mais vivificante exemplo.
As Suas lições não teriam atravessado os séculos.
O conceito se aplica, com absoluta justeza, aos que desejam continuar, com o Mestre, a Sua divina obra.
O moço espírita procure, portanto, realizar sinceramente a tarefa preliminar de auto-regeneração.
Busque desenvolver, através da luta constante, os sentimentos e as virtudes do bem, da moral e da sabedoria — valores que dormitam, potencialmente, no Espírito Imortal, como resultante lógica das conquistas elevadas do ser humano, no passado desconhecido.
Se não é justo, aos mais velhos, desprezar dos jovens a mocidade, estuante de energia e idealismo, muito menos razoável será o próprio moço menosprezar o patrimônio que a Divina Bondade lhe concedeu.
34
Razão e Fé
E disse-lhe: Sai da tua terra e da tua parentela, e vem para a terra que eu te mostrarei.
Merece consideração a passagem em epígrafe, relembrada pelo jovem Estevão — primeiro Mártir do Cristianismo — ao comparecer ante o Sinédrio, o poderoso tribunal israelita.
Sublinhemos as palavras tua terra — tua parentela e, por fim, a terra que eu te mostrarei.
Meditemos, pois.
O patriarca Abraão vivia, na terra dos Caldeus, atento às atividades normais e rotineiras do campo, cuidando de seus rebanhos de ovelhas, bois e jumentos.
Vivia preso à sua terra, vinculado à sua parentela. Era, por conseguinte, um homem circunscrito, limitado em seus objetivos, confinado em suas aspirações.
O Senhor, pela voz de Poderosas Entidades que se comunicavam pela voz direta — pneumatofonia, retira-o da Mesopotâmia para cumprimento, junto ao heroico povo hebreu, de elevada missão fraternista.
Retira-o de sua terra, de sua parentela, de sua família, para confiar-lhe uma família maior, numerosa descendência, incontável como as estrelas: “Olha para o céu, e conta, se podes, as estrelas. " Depois, acrescentou:
“Assim será a tua descendência. " Nenhuma força transformará o Cristianismo em “uma religião" formalista, convencional, subordinada a rituais, desvitalizada.
Ninguém lhe alterará a substância, a feição universalista, abrangente, eterna, divina.
O Cristianismo não cabe numa redoma.
Sendo a Religião do Amor, é, por conseguinte, a Religião Cósmica — eis que o Amor é a força que rege o Universo em todas as suas manifestações visíveis e invisíveis, objetivas e subjetivas.
Universo físico.
Universo moral.
Universo mental.
O Cristianismo nunca foi, não é, nem será, jamais, um movimento condicionado — familiar, grupal, racial.
Nem mesmo planetário.
A sua essência oloriza não só a Terra — mundo onde a Divina Bondade nos situou, presentemente.
Não exerce sua influência, apenas, nos orbes que gravitam em torno do Sol.
O Cristianismo — Filosofia do Amor Universal — aromatiza e vivifica os bilhões de planetas que rolam no Infinito de Deus.
* * *

O Pai Celestial, pela voz de Seus iluminados Servidores, do plano extrafísico principalmente, vem, com ternura, desde os primórdios das humanidades, procurando dilatar o nosso entendimento.
Ampliar a nossa capacidade efetiva.
Despertar-nos para o altruísmo.
Libertar-nos, enfim, dos acanhados preconceitos de família, grupo, crença, raça.
À maneira do velho Abraão, o homem terrestre precisa deixar a sua terra, a sua parentela, e integrar-se na grande família universal.
Tão grande, tão numerosa quanto as estrelas que refulgem nas constelações distantes, que não podem ser contadas.
O homem que deixa, subjetivamente, filosoficamente, mentalmente, a sua terra, a sua parentela, não as repudia, como pode parecer.
Longe disso.
Estima-as com a mesma intensidade com que estima outras terras e outras gentes, porque sabe que o menor pedaço de terra e a criatura que nasceu no ponto mais distante do Globo pertencem — terra e criatura — a Deus, que é também o seu Criador.
Ama-as com a mesma pureza, o mesmo carinho com que ama a terra onde nasceu e seus compatriotas.
Ama-as sem quaisquer laivos de egoísmo.
Sabe que o povo mais humilde, como o mais civilizado, é filho de Deus quanto ele próprio aqui e em qualquer recanto do Universo.
Sabe, outrossim, que o habitante de Marte ou de Júpiter também é seu irmão, membro da grande família universal.
Assim como Deus indicou a Abraão outra terra, que seria o santuário da Primeira Revelação, o Templo da Segunda também nos mostra o abençoado rumo da fraternidade, preparando-nos a Inteligência para a Sabedoria.
O Coração — para o Amor.
A Alma Eterna — para a Luz que se não extingue.
* * *

Estevão é bem o símbolo do homem realizado, do homem que encontrou outra terra.
“. . . cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. "
“E não podiam sobrepor-se à sabedoria e ao espírito com que ele falava. "
“Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estêvão, viram o seu rosto como se fosse de anjo. " Abraão simboliza o ontem da Humanidade, arrancada de sua terra e de sua parentela.
Estevão, inundado de amor evangélico, simboliza O amanhã da Humanidade, vivendo já noutra terra.
Abraão, numa demonstração de fé — da fé que não encara a razão face a face — ergue o cutelo contra Isaac, seu amado filho, para entregá-lo em holocausto.
É sem dúvida, o homem de ontem.
Estevão, sentenciado à morte, apedrejado, vertendo sangue por todo o corpo, o semblante esfacelado, confia-se, ele mesmo, sereno, imperturbável, ao sacrifício. Ë, sem dúvida, o homem de amanhã.
O primeiro, preserva a sua vida e entrega a do próprio filho; o segundo, entrega a própria vida para salvar a de muitos.
Estevão, fitando a Jesus, cujos olhos pousavam com amargura em Saulo, roga compreensão para seu implacável verdugo: “Senhor, não lhe imputes este pecado. " E quando sua extremosa irmã Abigail lhe apresenta o algoz por noivo, por depositário de suas juvenis esperanças, tem forças ainda para dizer: “Cristo os abençoe. . . Não tenho no teu noivo um inimigo, tenho um irmão. . . Saulo deve ser bom e generoso; defendeu Moisés até o fim. . . Quando conhecer a Jesus, servi-lo-á com o mesmo fervor. . . Sê para ele a companheira amorosa e fiel. " Estevão simboliza, indubitàvelmente, o homem do amanhã.
Guarda no peito a fé iluminada pela razão.
Possui no cérebro a razão sublimada pela fé.
“ . . . viram o seu rosto como se fosse de anjo. "


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