Estudando o Evangelho

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CAPÍTULO 4

O Filho do Homem

. . . não tinha onde reclinar a cabeça.


Nasceu numa manjedoura.
Não tinha onde descansar a cabeça.
Morreu numa cruz, escarnecido e humilhado. Eis a história, comovente e bela, sublime e incompreendida, do Cristo de Deus. . .
Daquele que estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu.
A lição é, inegàvelmente, profunda.
Do estábulo ao Calvário, sua vida foi um cântico de misericórdia e amor, simplicidade e compreensão, indulgência e grandeza.
Na manjedoura — nasceu entre pacíficos animais e singelos pastores.
No mundo — viveu no meio de mulheres, crianças e homens infelizes.
Na cruz — morreu entre ladrões vulgares, escrevendo, contudo, no Gólgota, a mais deslumbrante epopeia de luz que a Humanidade já presenciou.
Muitos homens nasceram em berços de ouro, mas encarnaram existências nulificadas.
Viveram no mundo cercados de honrarias, ostentando títulos e galardões pomposos, disputando lauréis e considerações, mas tiveram seus nomes esquecidos tão logo desceram ao túmulo.
Tiveram os seus corpos guardados em caixões riquíssimos, mas, apesar das pompas funéreas, nada fizeram para que o mundo lhes perpetuasse o nome, a obra, a memória.
O homem não vale pela casa, nem pelo berço onde nasceu.
Não importam as considerações de que foi alvo, espontâneas ou provocadas.
Não tem valor intrínseco a imponência do mausoléu que lhe acolhe os despojos carnais, no devido tempo.
Não tiveram os pais de Jesus uma tradição de aristocracia genealógica que lhe facilitasse os passos na caminhada pelo mundo e lhe favorecesse o triunfo e a glória, o poder e o mando.
Nada que O preservasse do acinte e da crueldade, do achincalhe e do opróbrio da populaça inconsciente, desvairada e perversa.
José, seu pai, carpinteiro anônimo em Nazaré, não desfrutava do prestígio temporal.
De manhã à noite, manejando a enxó e o formão, ganhava, com o suor do rosto, o alimento de cada dia.
Não era de família nobre, segundo a conceituação humana; não conhecia as altas rodas do seu tempo, mas era rico de qualidades superiores, de bens espirituais.
A sua vida e o seu programa eram simples: a Igreja, a oficina e o lar humilde, honrado.
Maria, sua mãe, era mulher sem renome social, mas virtuosa e pura, imaculada e santa.
Seu mundo, era o lar.
Sua felicidade, o esposo e o filho.
Se o lar era-Lhe um santuário, a sinagoga era-Lhe um paraíso.
No lar e na sinagoga conversava com Deus, diàriamente, em silenciosa e divina comunhão.
Como se vê, não vale o homem pela riqueza do berço em que dormiu o primeiro sono; pela opulência em que viveu; nem pela suntuosidade com que o sepultaram.
Vale o homem e disso dá exemplo a vida do Senhor — pela valorização que procura ou sabe dar aos minutos, às horas, à existência enfim.
* * *

O Mestre não tinha onde descansar a cabeça.
“As feras - asseverava Ele - têm os seus covis. "
“As aves — continuava — têm os seus ninhos. "
“Mas o Filho do Homem — concluía — não tem onde reclinar a cabeça. " O Cristo de Deus, o Salvador do Mundo, não tinha onde repousar a Augusta cabeça.
O Redentor da Humanidade, a Luz de Todos os Séculos, não conhecia um mínimo de conforto.
Apesar disso, o Farol que acendeu no topo do Calvário, quando parecia derrotado e vencido, continua iluminando os eternos caminhos da Humanidade planetária.
Os homens, todavia, ludibriados, buscam a fortuna e o poder, na doce ilusão de que o poder e a fortuna podem assegurar, na vida espiritual, a glória que se não extingue.
Quem não busca, avidamente e a qualquer preço, inclusive da própria dignidade, a riqueza e a evidência, é categórico no mundo, à conta de insensato, sonhador, idealista.
O mundo não Compreende o homem que se limita a obter o indispensável ao seu e ao sustento dos que lhe constituem o instituto familiar.
Assim como Ele veio “para o que era seu" e os seus “não o receberam", a mentalidade humana não pode entender aquele que se não obstina em acumular tesouros que a traça consome, o ladrão rouba e o tempo destrói.
Admirável homem de hoje é o que sabe amealhar fortuna, mesmo que a vida desse homem seja inócua, vazia, egoísta.
O Cristo, evidentemente, não foi um mendigo; mas, também, não foi um milionário dos bens terrenos.
Os tesouros de Deus estavam no seu coração.
Tesouros que distribuia com abundância, fartamente, pródigamente, na consolação aos desalentados e no esclarecimento aos ignorantes.
O Cristo — “Médium de Deus", segundo Kardec e Emmanuel — não tinha onde reclinar a cabeça.
Aquela cabeça que supervisionara, dos Celestiais Páramos, a formação da Terra.
Utilizando singelas alpercatas, percorria, incansávelmente, as estradas palestinenses, as praias do Tiberíades.
Trajando simplesmente uma túnica desprovida de quaisquer ornamentos que revelassem superfluidade, podia, no entanto, ofertar a homens e mulhereS, anciães e jovens, as moedas da Fé e da Esperança na 5ida Imperecível.
Assinalava o valor dos patrimônios espirituais, repetindo, inúmeras vezes:
“A tua fé te salvou. " Lembrava o perigo dos bens perecíveiS, advertindo:
“Não vos afadigueis por possuir ouro, ou prata, ou qualquer outra moeda em vossos bolsos. " A Judas, o discípulo afanoso, recomendava: “. . . a bolsa é pequenina; contudo, permita Deus nunca sucumbas ao seu peso. " Se desejamos a glória da Vida Imortal, o que nos compete, sem dúvida, é o cumprimento de todos os deveres que a vida nos sugere, mesmo que, igualmente, não tenhamos onde reclinar a cabeça.
Glória que se obtém com a vivência cristã.
Escrevendo, diuturnamente, no Livro da Vida, as obrigações que assegurem o nosso e o equilíbrio de quantos evolucionam, como nós, em busca da perfeição com Jesus.


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