Construção do Amor

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Capítulo VIII

A serpente invisível


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No campo do serviço cristão, mesmo nos arraiais do Espiritismo Evangélico, tudo é alegria e esperança enquanto há céu azul.

Diante do sol reconfortante e amigo, é doce a expectativa, em torno do futuro, e sob o pálio estrelado da noite tranquila é mais belo sonhar com a vida noutros mundos.

Então, os aprendizes são firmes na confiança e seguros nas promessas.

A natureza se faz o trono de Deus, a expressar-se em prodígios de sabedoria e as criaturas são almas irmãs em demonstrações recíprocas de entendimento e de amor.

Entretanto, quando as nuvens se adensam no horizonte e a tormenta desaba, eis que as disposições do crente se modificam.

A preguiça — serpe invisível a se nos ocultar renitente, nas próprias almas — exterioriza-se de imediato, através de máscaras diversas.

Ante o fascínio da desculpa incondicional às ofensas alheias, paralisa-se-nos o coração, a sugerir em forma de dignidade ferida:

— Impossível esquecer.


À frente do trabalho árduo no socorro às necessidades humanas, nosso próprio Espírito enverga a túnica de pretensa humildade confundido:

— Quem sou eu para auxiliar?!… Sou um poço de vermes, um vaso de imperfeições!


Perante os difíceis testemunhos de paciência, costumamos exibir suposta superioridade moral e afirmamos peremptórios:

— Não alcancei a santidade! Agora não posso mais…


Renteando com a luta aflitiva, em favor dos companheiros infelizes, junto aos quais a vida nos pede recapitulação de atitudes e ensinamentos, adotamos imaginária fadiga e gritamos sem razão:

— Fiz o que pude! Que outros agora venham à liça para a cooperação fraternal.


Diante da prestação de serviço urgente ao próximo, habituamo-nos frequentemente a esposar preocupações falsas no tempo e alegamos petulantes:

— Amanhã! Amanhã cuidaremos disso.


Se te interessas realmente pela própria renovação, à luz do Evangelho, anota o momento que voa e não menosprezes o ensejo sublime de ser mais útil.

Recorda que a ociosidade mental é antiga serpente sedutora, asfixiando-nos a vida e somente em lhe olvidando o veneno suave e mortífero, trabalhando e servindo sempre, é que conseguiremos assimilar o ideal da perfeição com Jesus, nosso Mestre e Senhor.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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