Doutrina de Luz

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Capítulo XV

Espiritismo e Evangelho


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Decididamente, o Espiritismo é o movimento libertador das consciências em sua gloriosa tarefa de reestruturar o mundo.

A princípio, a ciência experimentou. Em seguida, a filosofia codificou-lhe os princípios. Agora, porém, urge cristianizar-lhe os princípios.

Não basta desvelar o horizonte, nem doutrinar a multidão para a grande jornada. É imperioso traçar um roteiro de trabalho e cumpri-lo, para que não alcancemos a eminência do monte, desconhecendo a luz e a grandeza do serviço que nos cabe desenvolver, junto dela.

Eis porque, na curva descendente da civilização em que vivemos, clamamos pelo cultivo da Sementeira Divina do próprio homem, para que se lhe desate no coração a sagrada herança de amor e sabedoria.

A hora é naturalmente grave pelas nuvens de incompreensão que turvam os dias porvindouros.

Não nos cansaremos de repetir a advertência, porque o sábio da desintegração atômica ainda se acha envenenado pelo vírus da hegemonia política; a inteligência que se eleva com asas metálicas à imensidão do firmamento estuda os processos mais eficazes de operar a destruição em baixo, e o raciocínio que escreve páginas comovedoras nem sempre se levanta para o idealismo superior.

Antigamente, o laboratório poderia pesquisar sozinho, e a academia justificava a exclusividade do ministério da discussão. Hoje, contudo, meus amigos, a Doutrina Consoladora exige a aliança de todos os valores para que o cérebro e o coração permaneçam a serviço do Cristo, na obra da fraternidade e da paz.

Em verdade, nenhum de vós outros alegará desconhecimento, com respeito às tempestades renovadoras que se aproximam. Ninguém pode prever o curso da negra torrente do ódio e da incompreensão no Planeta, em face do movimento apocalíptico que se esboça nos caminhos do mundo…

Em razão disso, a meditação com aproveitamento das horas, na construção dos alicerces do Terceiro Milênio, constitui imperativo fundamental do esforço moderno em todos os bastidores espiritualistas da atualidade.

É necessário estender mais luz em derredor da senda humana.

O Espiritismo descortina.

O Evangelho, contudo, orienta.


O Espiritismo informa.

O Evangelho, todavia, ilumina.


O Espiritismo entusiasma.

O Evangelho, porém, santifica.


O Espiritismo leciona.

O Evangelho, no entanto, define.

É imperioso enfrentar o problema de nossa própria luta regenerativa para que a renovação interior se processe segura e definitiva.

Nos primórdios da Causa, era natural que a pergunta sistematizada e o conflito verbal dominassem as fontes da revelação, mas nos tempos que correm é imprescindível que o manancial do bem dimane cristalino do centro de nós mesmos a beneficio do mundo.

Antes do conhecimento iluminativo, compreendia-se o impulso com que nos abeirávamos do Plano Superior, sentindo-nos famintos da graça e esperando que o Senhor no-la dispensasse, à maneira de um rei terrestre em sua carruagem de púrpura e flores, cercada de mendigos.

Entretanto, nos dias abençoados que vos assinalam a experiência purificadora, é indispensável preparar a acústica do ser, para que ouçamos a voz do Céu, que nos pede o coração de modo a consagrá-lo ao serviço redentor da Humanidade.

Assim, pois, meus amigos, indagando ou ensinando, crendo ou investigando, estudando ou discutindo, não nos esqueçamos, em Jesus, da religião do sacrifício, com a inteligência evangelizada, convertendo as nossas mãos pelo trabalho incessante, na fraternidade e na sublimação do mundo, em asas de sabedoria e de amor para a Vida Imortal.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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