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Capítulo XXXIII

Companheiros de experiência


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TEMA — Espíritos obsessores.


Às vezes, pronunciamos a palavra “obsessores” qual se o conceito designasse uma raça de criaturas diferentes; e alinhamos epítetos que nos definam assombro e repugnância, como sejam: “demônios desencarnados”, “gênios infernais”, “Espíritos perversos”…

Sem dúvida, em sã consciência, ninguém se afina com o mal, como ninguém se harmoniza com a doença. Se providenciamos, no entanto, socorro adequado aos enfermos do corpo, a que título relegar a regime de absoluta condenação aqueles irmãos nossos que se marginalizaram, do ponto de vista espiritual, em precipícios de trevas?

Certo, pessoa alguma se lembrará de pedir um prêmio a fim de laurear os que delinquiram, mas é preciso considerar que são eles seres humanos, quanto nós mesmos, aguardando remédio e proteção para que se levantem, de novo, à altura da Humanidade.

Por mais endividado ou inferior nasça um Espírito no campo terrestre, as leis de Deus jamais o abandonam e selam-lhe o berço com a presença do amor, a começar pela ternura do coração materno, capaz de auxiliá-lo até às últimas raias do sacrifício. E Espírito algum, por mais detestado ou ignorante, na estância física, pelas mesmas leis de Deus não voltará ao Mundo Espiritual sem a dedicação de alguém que o ame.

Os chamados “protetores” e “guardiães” não transitam apenas entre os lares humanos, sustentando os homens para que não resvalem de todo nos abismos do erro; velam, igualmente, nos despenhadeiros da sombra, insuflando esperança e consolação naqueles irmãos que despertaram, além da morte, entre cáusticos de remorso e crises de loucura, resultantes das faltas e transgressões a que se afizeram, no curso do estágio físico.

Impossível desconhecer as dificuldades e problemas a que estamos sujeitos pela influência dos nossos companheiros apresados nas teias de revolta e desequilíbrio; entretanto, se a Bondade do Senhor no-los encaminha, é que partilhamos com eles o mesmo quinhão de débito a resgatar ou de serviço a desenvolver; se nos trazem sensações de tristeza ou de angústia, é que ainda temos os corações, quais os deles, arraigados à sombra de espírito.

Recebamo-los na trilha do respeito, quando não nos seja possível acolhê-los no portal da alegria. E comecemos a obra do reajuste, acendendo no íntimo a chama da prece; ela clareará nossas almas e interpretá-los-emos tais quais são: nossos companheiros de caminhada e obreiros indispensáveis da vida.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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