Capítulo XVIII

Nos domínios da inteligência


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Na leira talhada a preço de carinho e devotamento, chegava o pão em forma de fruto, promovendo a abastança e garantindo o trabalho, mas a terra fértil foi abandonada e o mato inculto invadiu-a rapidamente, rebaixando-a à posição de tapera.

Sob o teto primorosamente levantado, situava-se o lar, salvaguardando a segurança e enobrecimento da família, no entanto, deixada vazia, a residência se viu para logo tomada de animais daninhos que lhe deram a forma de pardieiro.

Do coração da terra, brotava a água pura, alentando a fonte e enriquecendo a paisagem, todavia, a corrente detida, entre barrancos do vale, sem utilidade para a natureza criadora, se encontrou imediatamente absorvida pela comunidade microbiana que a transmudou em charco.

Assim a inteligência profundamente cultivada. O conhecimento superior nela se instala, de modo a ser desentranhado em trabalho constante do bem, a fim de que progresso e educação, virtude e ciência, favoreçam o conforto e o aperfeiçoamento da Humanidade, no entanto, qual acontece ao solo fecundo largado à-toa que se faz tapera, à moradia desabitada que se transforma em pardieiro e ao manancial sem serventia que se converte no charco, a inteligência instruída mas ociosa e desocupada torna-se facilmente em ninho de pensamentos pervertidos ou dementados, transfigurando-se em perigoso foco de obsessão.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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