Assim Dizia o Mestre

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CAPÍTULO 6

Segundo - O segundo perigo está em que esse homem exteriorizado julgue influir


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sobre seus semelhantes com o que faz e diz – quando é impossivel promover a verdadeira conversão de outrem se eu mesmo não sou um genuíno e autêntico convertido, isto é, um homem intimamente unido a Deus. Só o meu ser é que pode influir sobre o ser de outros; mas, se o meu ser é fraco, não poderá dar força aos fracos. Só um poderoso positivo é que pode atuar sobre os negativos em derredor; se eu mesmo não for 100% positivo, por uma intensa e profunda experiência de Deus, não poderei exercer influência real sobre os outros, igualmente negativos. Podem os meus ouvintes ou leitores admirar-me, sim, e aplaudir-me; mas não se sentirão com forças para abandonar o mundo noturno das suas misérias morais e entrar no mundo diurno da virtude e santidade, porque não veem esse mundo concretizado em minha pessoa. E mesmo no caso favorável que julgassem esse mundo divino realizado em mim, não se converteriam realmente a Deus, pois não são as aparências que atuam, mas sim a realidade, realidade essa que, nesse caso, estaria ausente de mim.

Posso, sim, dizer mil vezes, com grande eloquência, que esse mundo do espírito é grandioso e belo, e os meus ouvintes ou leitores, na melhor das hipóteses, crerão nas minhas palavras – mas do crer ao ser vai distância enorme. Crer é uma teoria longínqua e vaga – ser é uma realidade propínqua e forte. É dificílima a transição do crer para o ser, e se ninguém vir esse ser concretizado numa pessoa humana, dificilmente passará a encarnar o seu longínquo crer num propínquo ser, isto é, não se converterá porque não me vê convertido.

O convertido é aquele que pode, em verdade, dizer: "Eu e o Pai somos um". "Já não sou eu que vivo, o Cristo é que vive em mim. " As minhas palavras de não-convertido eloquente, possivelmente, darão muita luz aos ouvintes ou leitores: mas falta força, que não vem das palavras, mas da realidade espiritual do indivíduo humano, no qual o "Verbo" se tenha feito carne e habite substancialmente, "cheio de graça e de verdade".

Pode ser que um determinado homem tenha a missão de pregar às multidões, escrever livros ou exercer outro trabalho social qualquer – e deve cumprir esta sua missão do melhor modo possivel.

Mas ai dele se vir nessas atividades a principal tarefa da sua vida!

Há outra coisa, infinitamente mais importante, do que qualquer trabalho extern " – é o próprio homem, a sua plena realização crística, para o qual aqueles trabalhos estão como meios para um fim. Atividades externas nunca devem ser outra coisa a não ser um como que transbordamento espontâneo de uma plenitude interior. Se essa plenitude não existe – que é que pode transbordar?

Alguma vacuidade camuflada em plenitude, isto é, uma grande mentira apresentada com sendo verdade?. . . Fogo pintado não dá luz nem calor – ao passo que a menor parcela de fogo real pode atear incêndios e iluminar mundos inteiros.

Pouco importa o que o que o homem diga, faça ou tenha – tudo importa o que ele é. O que ele é refere-se à qualidade do seu íntimo Eu – o que ele diz, faz ou tem refere-se às quantidades do seu externo ego.

Referem os At que, quando os chefes espirituais da primitiva igreja cristã perceberam que se iam dispersando em atividades externas e trabalhos sociais de organização, disseram: "Não convém que nós sirvamos as mesas; vamos nomear auxiliares idôneos para essa tarefa; nós, porém, vamos dedicar-nos à oração e à pregação da palavra do Senhor. " Sabiam esses discípulos do Cristo que o fator decisivo, em qualquer trabalho de caráter espiritual, é a espiritualidade de quem preside a esse trabalho, aquilo que ele é no seu íntimo ser, e não aquilo que ele realiza ou organiza no plano externo.

A caridade social realiza grandes obras – mas só o Amor espiritual realiza o homem.

Onde quer que exista um homem plenamente realizado pelo Amor, ali serão realizadas grandes coisas, e essas coisas serão fecundas e benéficas; mas onde não há realização pelo Amor, senão apenas caridade, ali se realizarão ruidosos trabalhos externos, que, por melhores em si mesmo, correrão perigo de colapso e desintegração, por falta de sacralidade interior.

Pouco importa o que o homem realize no mundo externo dos objetos – tudo importa o que ele realiza em si mesmo. Uma única auto-realização supera todas as alo-realizações. "Se um único homem chegar à plenitude do Amor, neutralizará o ódio de milhões" (Mahatma Gandhi).

Ainda que todos os demônios da Terra, todo o mundo material e astral, me estivessem sujeitos, mas se o meu nome não estivesse escrito no livro da vida eterna, não haveria redenção para mim.




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