Filosofia cósmica do evangelho
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"SERVO BOM E FIEL – SERVO MAU E PREGUIÇOSO"
A parábola dos talentos é uma das maiores obras-primas da filosofia cósmica do Evangelho. Nela celebra a verdade da creatividade e do livre-arbítrio humano o seu maior triunfo.
Cada um dos três servos recebeu determinadas potencialidades ou poderes creativos.
Um recebeu 5 talentos ou potencialidades; outro recebeu 2; e o terceiro recebeu uma potencialidade.
A distribuição é desigual desde o início. O Uno Infinito do Universo distribui o Verso dos Finitos desigualmente. Não há duas creaturas iguais, porque o Universo não gosta de monotonia, e sim de harmonia, que é a unidade na diversidade.
Dizer que nessa distribuição desigual haja "injustiça" é desconhecer a natureza do Universo. Deus, o Uno, não faz algo por ser justo, mas o que Deus faz é justo pelo fato de ele o fazer. Deus, não tem de prestar contas da distribuição dos seus bens. Tudo o que ele faz é ipso facto justo.
O primeiro servo, que recebera cinco talentos ou potencialidades, devolve 10, sendo 5 de Deus, e 5 dele – por sinal que a creatura humana é uma creatura creativa, e não apenas creada, como são as creaturas da natureza infrahominal.
E esta atualização das suas potencialidades creadoras mereceu ao servo o louvor; "Servo bom e fiel. . . entra no gozo do teu senhor. " O mesmo aconteceu com o segundo servo, que recebera 2 talentos ou potencialidades, e devolveu os 2 talentos recebidos mais os 2 por ele creados.
O terceiro servo, porém, que recebera um talento, não duplicou creativamente o seu talento, mas devolveu apenas ao dono o que do dono recebera. E teve de ouvir as palavras aniquiladoras: "Servo mau e preguiçoso. " Por que mau e preguiçoso?
Porque, sendo creatura potencialmente creadora, não foi atualmente creadora;
procedeu como se não tivesse creatividade, como se fosse apenas uma creatura creada, um animal qualquer, que só pode devolver a Deus o que de Deus recebeu. O terceiro servo procedeu anticosmicamente, porque, segundo as leis eternas e divinas, quem pode, deve, e quem pode e deve e não faz crea débito – e todo débito gera sofrimento. O terceiro servo podia e devia duplicar o seu talento, mas não o fez – e isto é ser mau e culpado.
E, sendo que ele se portou como se fosse animal, creatura apenas creada e não creadora, este servo perdeu a sua creatividade humana e foi degradado a uma creatura não creadora; perdeu a sua hominalidade e foi reduzido à animalidade: "Tirai-lhe o talento que tem! Porque quem não tem (atualização) perderá até aquilo que tem (potencialidade). " Hoje em dia, aparecem numerosos livros para provar que o homem não tem livre-arbítrio, que a liberdade é uma ilusão, um mito.
Estes livros se baseiam num equívoco fundamental; confundem a liberdade potencial com a liberdade atual. Todo o homem normal é potencialmente livre, que é um presente de berço. Mas a liberdade atual é uma conquista da consciência.
Ai do homem que não atualizar a sua liberdade potencial! Ai do homem que sair da vida terrestre com a mesma liberdade potencial com que nela entrou! "Servo mau e preguiçoso" perderá até a sua liberdade potencial, perderá a sua hominalidade creadora e se tornará uma simples creatura creada, que não é um ser humano.
Quem pode, deve; e quem pode e deve e não faz, cria débito, culpa, karma – e todo débito gera sofrimento.