Sermão da Montanha: 154
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"QUEM OUVE ESTAS MINHAS PALAVRAS E AS REALIZA. . . "
O Sermão da Montanha – esse maior documento de espiritualidade que o mundo conhece – termina de um modo solene e majestoso, como os derradeiros acordes duma grande ópera ou sinfonia. "Quem ouve estas minhas palavras e as realiza assemelha-se a um homem sábio que edificou a sua casa sobre rocha; desabaram aguaceiros, transbordaram os rios, sopraram os vendavais e deram de rijo contra essa casa, mas ela não caiu, porque estava construída sobre rocha.
Mas quem ouve estas minhas palavras e não as realiza, esse se assemelha a um homem insensato que edificou a sua casa sobre areia; desabaram aguaceiros, transbordaram os rios, sopraram os vendavais e deram de rijo contra essa casa, e ela caiu, e foi grande a sua queda. " Aí está: tanto o sábio quanto o insensato ouvem as palavras do grande Mestre;
mas um as realiza, e o outro não as realiza. A diferença não está no ouvir, na teoria, mas em realizar. Ter grandes ideias na cabeça e belos ideais no coração – é compatível com uma grande ruína, com um fracasso total da existência humana, caso esses conhecimentos não se concretizem em obras.
O que resolve não é ouvir – é realizar.
Ouvir é gostoso e inofensivo, e por isto são muitos os que gostam de ouvir às palavras dos grandes mestres da humanidade. Ter grandes ideias na cabeça e belos ideais no coração é tão suave e agradável; pode até granjear-nos a fama de filósofos e poetas, ou mesmo produzir nos inexperientes a impressão de sermos místicos e santos. Acontece mesmo que as palavras do homem sejam a "imagem especular" da sua vida, que ele sinta a necessidade de dizer coisas espirituais para compensar a sua falta de espiritualidade interna. Quando se coloca diante do espelho uma escrita qualquer, ela aparece invertida; para que apareça direita, é necessário invertê-la no papel.
Quando as ideias e os ideais passam da cabeça e do coração para as mãos, os pés, a vida total, então elas passam como que por uma crucificação, descendo da vertical e cruzando a horizontal dos atos. E essa crucificação é necessária para que as ideias e os ideais frutifiquem em atos.
Ideias e ideais, embora necessários, são como areia, movediço areal, sobre o qual ninguém pode construir casa sólida e garantida. Em tempo debonança, essa areia parece resistir; mas sobrevenham tempestades, sofrimentos, decepções – e as areias das ideias e dos ideais cedem ao embate, e o edifício da espiritualidade rui por terra, e será grande a sua ruína.
Só a prática real e constante da doutrina do Cristo garante experiência profunda, e só essa experiência vital da alma do Evangelho é que é rocha viva para o edifício da nossa espiritualidade.
* "Quem realiza estas minhas palavras é um sábio". . . O Sermão da Montanha termina com um veemente apelo para uma realização creadora do seu conteúdo. Pode o homem profano ser um talento criativo ou produtivo, mas o homem iniciado na suprema Verdade é um gênio creador, que manifesta em existência individual a Essência Universal. A produtividade do ego humano é uma simples continuação e transformação de algo já existente, "remendo novo em roupa velha", ao passo que a creatividade do Eu divino é um novo início, uma iniciação, uma iniciativa realizadora, uma "nova creatura em Cristo".
A palavra "realizar" (em grego, poiein), que encerra esse documento máximo da espiritualidade, é a mesma que aparece no Gênesis, quando os Elohim crearam os mundos, palavra que indica o poder creador pela qual a Infinita Essência fez emanar de si as Existências Finitas. O resultado dessa creação é chamada poiema, que é o poema cósmico do Universo.
Deste modo deve o verdadeiro discípulo do Cristo realizar creativamente a alma do Sermão da Montanha em todos os setores da sua vida.
Fiat lux. . .
Quem realiza esta mensagem é um homem sábio, univérsico, que construiu a casa da sua vida sobre rocha viva, desafiando tempestades e terremotos.
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