Triunfo da Vida Sobre a Morte, O

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CAPÍTULO 22
Ilustração tribal

# JESUS DIANTE DE PILATOS


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Logo de manhã cedo, os chefes da Sinagoga levaram Jesus ao Pretório do Governador Romano Pôncio Pilatos.

O Governador, que não simpatizava nada com os judeus, perguntou bruscamente: "Que acusação tendes contra esse homem?" "Se ele não fosse um malfeitor, não t´o entregaríamos", responderam eles.

Pilatos percebeu de relance que se tratava de alguma questão de caráter religioso, que não era da sua alçada. Por isto lhe replicou laconicamente: "Tomai-o vós e julgai-o segundo vossa lei. " Os sacerdotes replicaram: "A nós não nos é permitido matar alguém", por sinal que consideravam o crime do Nazareno digno de pena de morte; mas a pena de morte era jurisdição do Governo Romano.

E logo mudam de tática. Sabendo que o Governador não se envolveria em questões de caráter religioso, passaram para o terreno civil, acusando Jesus de três crimes: ele é um amotinador do povo; proíbe pagar tributo a César, e diz que é rei.

Quando Pilatos ouviu estas acusações, levou Jesus à parte e lhe perguntou: "És tu o rei dos judeus?" Em vez de responder, Jesus fez ao Governador uma contra-pergunta: "É de ti mesmo que perguntas isto, ou foram outros que t´o disseram de mim?" Com esta pergunta, Pilatos se abespinhou e repeliu a ideia de que alguém o pudesse considerar judeu, quando ele detestava esse povo. "Porventura sou eu um judeu? Teu povo e os sacerdotes te entregaram às minhas mãos – que fizeste?" Então passa Jesus a responder à pergunta sobre a sua realeza, afirmando categoricamente que ele é rei. Mas logo explica que não é rei no sentido da acusação: "O meu reino não é deste mundo; se deste mundo fosse o meu reino, os meus amigos lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus;

mas o meu reino não é daqui. " Em face dessa alusão misteriosa a um reino que não é deste mundo, Pilatos insiste na ideia da realeza, perguntando: "Logo, tu és rei?" Jesus responde com estas palavras altamente transcendentais e fora do alcance do Governador: "Sim, eu sou rei. Eu vim ao mundo e nasci para isto: para dar testemunho da verdade, e todo o homem que é filho da verdade atende à minha voz. " Em face desta declaração, convenceu-se Pilatos de que não se tratava de um subversivo que tentasse apoderar-se de uma parte do Império Romano, que abrangia a Europa, a Ásia e a África em suas partes então conhecidas.

Considerou-o rei talvez de algum mundo metafísico, um visionário místico; mas não um revolucionário e subversivo. Quando Pilatos ouviu por diversas vezes a palavra "verdade", encolheu os ombros com cético desdém e perguntou: "Que é a verdade?" Mas não esperou pela resposta a essa pergunta importante. Nem Jesus talvez teria respondido, porque o juiz não estava em condições de compreender tão alta verdade. De uma coisa, porém, Pilatos se convenceu definitivamente: que Jesus não era um criminoso; podia ser um visionário metafísico e místico, um homem estranho que acreditava num reino fantástico em outros mundos; mas, em hipótese alguma, era um homem perigoso que pensasse em se fazer proclamar rei de uma parte do Império Romano. Por isto, o Governador tornou a falar ao povo, do alto da plataforma do Pretório, declarando abertamente: "Não encontro crime nesse homem. " Lá debaixo, porém, veio a grita feroz do povo estimulado pelos chefes religiosos, acusando-o de diversos crimes.

Ouvindo isto, perguntou Pilatos a Jesus: "Estás ouvindo de quantas coisas de acusam?" Jesus, porém, ficou calado, de maneira que Pilatos se admirava de ele não se defender de nenhuma das acusações que lhe assacavam.

Então escutou Pilatos e ouviu do meio do vozerio lá embaixo as palavras: "Ele amotina o povo desde a Galileia até Jerusalém" e veio-lhe uma ideia salvadora: Se Jesus era da Galileia, competia a Herodes, rei da Galileia, julgá-lo.

Herodes era apenas um pseudo-rei, que os romanos toleravam na Província da Galileia, onde lhe davam certos direitos de governo. Resolveu Pilatos enviar Jesus a Herodes, que nesses dias se achava em Jerusalém. Assim se libertaria ele do ominoso processo contra Jesus, desviando toda a responsabilidade para Herodes.







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