Triunfo da Vida Sobre a Morte, O
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# O SUBORNO DOS GUARDAS
Antes que as três discípulas fossem ver o sepulcro, na manhã do terceiro dia, já haviam os soldados romanos da sentinela abandonado o túmulo;
espavoridos, fugiram e foram ter com os chefes da Sinagoga, dizendo que o corpo do crucificado desaparecera e que o sepulcro estava aberto.
Deve der sido enorme a desorientação dos sacerdotes, ao pensarem na possibilidade da ressurreição, que eles, a todo o custo, queriam impedir. Se essa notícia chegasse ao conhecimento do povo, eles, os responsáveis pela morte do Nazareno, ficariam desmoralizados. Tão perplexos estavam os sacerdotes que nenhuma coisa sensata lhes ocorreu no momento. Teria sido tão simples pedir a Pilatos que mandasse dar uma busca radical em todas as casas de Jerusalém para descobrir o corpo do Nazareno que devia estar com um dos seus discípulos – e Jerusalém não era uma cidade de milhões de habitantes. Se encontrassem o corpo de Jesus, Pilatos o entregaria aos chefes da Sinagoga, que o exporiam à entrada do Templo, convidando todo o povo para ver e verificar se Jesus estava vivo ou morto. E a presença do corpo morto do Nazareno teria sido a melhor prova da falsidade das suas predições.
Por que não se lembraram os sacerdotes desse expediente tão plausível?
É porque eles mesmos secretamente, acreditavam na possibilidade da ressurreição; mas era necessário que essa notícia não se divulgasse entre o povo; senão, a Sinagoga estaria desmoralizada.
Por isto, na sua perplexidade, inventaram um expediente absurdo e ridículo: deram ordem aos soldados da guarda que espalhassem o boato seguinte: "Enquanto nós dormíamos, vieram os discípulos dele e furtaram o corpo; disto nós somos testemunhas. " Três absurdos numa única frase:
1) Os guardas, obrigados a vigiar, dormem;
2) e mesmo dormindo, vêem os discípulos furtarem o corpo;
3) e, vendo o furto, de olhos fechados, não o impedem.
Perante instância alguma deste mundo teria valor um depoimento tão contraditório.
Disto se convenceram os próprios soldados, tanto assim que alegaram que tinham de prestar contas de seu serviço ao governador romano, que, certamente, não simpatizaria muito com guardas dormentes. Mas os sacerdotes os acalmaram, prometendo tomar a defesa deles perante Pilatos.
Mesmo assim, os soldados não quiseram aceitar o que os chefes religiosos lhes sugeriam.
Em face disto, diz o texto, eles encheram de dinheiro os bolsos dos guardas, e só assim se declararam eles prontos a difundir a história dos guardas dormentes, que tudo viram e nada impediram. Venderam a inteligência pelo estômago. Quando todos os argumentos falham, o dinheiro salva a situação.
De resto, como poderiam os discípulos ter roubado o corpo do Mestre para dizer ao mundo que ele ressuscitara – se nem eles mesmos acreditavam na ressurreição?