Triunfo da Vida Sobre a Morte, O
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# O NOVO MANDAMENTO DO AMOR INTEGRAL
Na quinta-feira à noite, deu Jesus ordem a seus discípulos para prepararem a ceia do cordeiro pascal, prescrita pela lei antiga. Era a comemoração anual da libertação de Israel da longa escravidão no Egito.
Os discípulos prepararam a ceia comemorativa na casa de um de seus amigos, em Jerusalém, que desde então se chama o Cenáculo, ou seja, Casa da Ceia.
Durante a ceia deu Jesus as suas últimas instruções a seus doze discípulos que com ele estavam à mesa. O evangelista João conservou-nos destas instruções um relato extenso e profundamente misterioso. Entre outras coisas, disse o Mestre: "Um novo mandamento vos dou, que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei. Por isto, há de o mundo conhecer que sois discípulos meus, que vos ameis uns aos outros. " À primeira vista, parece estranho que o Mestre dê a esse preceito o nome de "o novo mandamento", quando todos os mestres espirituais da humanidade, de todos os tempos e países, ensinaram o mesmo: que o homem deve amar a seu semelhante como se ama a si mesmo.
Por que diz Jesus que este é o mandamento dele, e que este é um novo mandamento? "Como eu vos amei" – estas palavras são a chave da compreensão.
Pode-se amar a seu semelhante de dois modos: humanamente ou divinamente. Quem ama a seu semelhante humanamente, como um ser humano igual a ele, pratica filantropia, vendo no outro ego um ego igual a ele, vendo no tu uma duplicata do eu. Este amor filantrópico é bom.
Mas há um amor muito mais alto e perfeito, que Jesus chama um novo mandamento, que será o distintivo característico dos verdadeiros discípulos dele. Esse amor crístico supõe que o homem não veja no outro homem apenas um ego-tu igual ao ego-eu, mas veja no outro o Eu divino, o Cristo interno, a imagem de Deus e o ame sobretudo por esta razão.
Mas, para que alguém possa amar outro homem como um Eu divino e não apenas como um ego humano, deve ele, antes de tudo, descobrir esse Eu divino em si mesmo, deve ter a experiência mística: "Eu e o Pai somos um, o Pai está em mim", a minha essência central é divina, embora a minha existência seja humana.
Quem se ama a si mesmo deste modo essencializa a sua existência, diviniza a sua humanidade. E por isto pode também amar qualquer ser humano com esse mesmo amor.
A fim de concretizar esses dois modos de amar, sirvamo-nos do seguinte diagrama: Se o Eu ama o Tu linearmente, na horizontal, de Eu para Tu, tem ele um amor humano, de ego para ego, que é filantropia. Mas, se o Eu ama o Tu via Deus, triangularmente; se ele amar o seu semelhante por ser imagem de Deus, então ele o ama com amor místico. Este é o amor a que Jesus se refere, e que ele chama o novo mandamento dele. Este é o amor integral. O amor místico inclui necessariamente o amor filantrópico, mas este não inclui necessariamente aquele. O amor místico que se revela em amor filantrópico é um amor integral.
O amor integral, como se vê, supõe auto-conhecimento. Não pode haver aloamor sem auto-amor; não posso saber como amar o Tu, se não sei amar o Eu.
O auto-amor é um Cristo-amor, um Teo-amor, porque o Deus em mim é o Deus em ti. Se eu me amo por se a imagem de Deus, amo também o outro por ser a imagem de Deus.
Neste caso posso amar qualquer creatura humana, embora seja feia, ingrata, inimiga; porque esses defeitos não são da sua essência divina, do seu Eu real, mas apenas da sua existência humana, do seu ego ilusório.
O Mestre não se refere a um ego-amor, mas a um Eu-amor, ao amor que tem por base o centro divino do homem, e daí se irradia para todas as periferias do ego humano.
Não se pense que esse amor integral seja um "amor platônico", um amor abstrato, teórico, puramente espiritual. O amor integral, que Jesus chama o novo mandamento, é um amor do homem integral; o homem integral, porém, é espírito, mente, emoções e corpo.
Quando, certo dia, um doutor da lei, um teólogo da Sinagoga, perguntou ao Nazareno qual era o maior mandamento, isto é, a coisa mais importante da vida humana, respondeu o Mestre com a definição do amor integral, dizendo que o homem deve amar a Deus com toda a sua alma, com toda a sua mente, com todo o seu coração e com todas as suas forças, e fazer transbordar esse amor vertical em amor horizontal, amando a qualquer creatura humana como a si mesmo. E ilustrou o amor humano com a maravilhosa história do bom samaritano.
Esse novo mandamento do amor integral é a síntese do auto-conhecimento e da auto-realização.
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