Instrumentos do Tempo

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Capítulo II

Queixas, não


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A vida é uma escola. Por mais difícil o processo educativo a que nos vejamos submetidos, saibamos valorizar o tempo, agradecendo e trabalhando ao invés de reclamar ou ferir.

Todos somos chamados a estudar e aprender, prestigiando as oportunidades e as horas.

Imagina quanta atividade ser-nos-á possível desenvolver em trinta minutos. Despendendo semelhante cota de tempo, conseguimos facilmente reconfortar corações aflitos, estender apoio aos que sofrem mais que nós mesmos, reerguer esperanças caídas e efetuar prestações de serviço, à feição de viveiros de paz e luz.

Por mais constrangedoras as circunstâncias que nos cerquem, nunca nos lamentemos. Ao contrário disso, apliquemo-nos, quanto se nos faça possível, à concretização do bem de todos. Nessa diretriz, entretanto, é indispensável se nos amplie a visão. Compreender mais, para servir melhor.

Os motivos para inquietação surgem frequentemente no cotidiano, mas, se lhes penetramos o objetivo, saberemos acolhê-los, de imediato, por ensinos da vida em nosso favor.

A desarmonia sugere a necessidade de entendimento.

O obstáculo leciona confiança.

A solidão fornece aulas de autoanálise.

O fracasso administra experiência.

Imperioso discernir, a fim de que nos reconheçamos na condição de alunos, em todos os lances e dificuldades do caminho que nos foi apontado ao trânsito comum.

Cada dia é uma fração de recursos que podemos empregar em aprendizado e melhoria por fora, para enriquecimento e sublimação por dentro de nós.

Ante aqueles que já despertaram nas responsabilidades próprias, não existe ocasião para queixas.

Todas as horas são instrumentos que favorecem a execução das tarefas que fomos induzidos ou claramente requisitados a realizar no campo do bem.

Empenhemo-nos em lutar pela própria elevação. Ninguém está excluído.

Quantos se afastam de semelhante imposição da existência caem facilmente na reclamação ou na rebeldia, encontrando em si mesmos o infortúnio dos que param de agir e servir. Inexperientes ainda, acomodam-se com a ociosidade e com a sombra, esquecendo-se, porém, de que unicamente aqueles que dormem sobre colchões de rosas são os que sabem dramatizar a agressão dos espinhos.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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