Capítulo XIV

Perdão e consciência


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Em matéria de perdão, não olvides o tribunal interior, em que a consciência é sempre o juiz incorruptível de todos os nossos atos.

Os pesares que semeamos são pedras calcinantes a se voltarem sobre a nossa cabeça.

Toda ação na vida reage sobre si própria, em ondas de reação, tornando ao ponto central de origem.

Sem dúvida, que a morte ser-te-á entre os homens um fator de aparente liquidação de todos os débitos.

Tuas contas e ofensas aparecerão desculpadas pelos irmãos do caminho, no entanto, não por ti mesmo que lhes carrearás a sombra, onde fores, como alguém que amarra fardos de lodo e cinza ao imo do próprio ser.

As feridas que abriste nos companheiros serão por eles, quase sempre integralmente apagadas, entretanto, nas telas da mente surgirão por fantasmas de dor, vitalizadas pela memória que nos traça as lembranças felizes ou infortunadas do bem ou do mal a que nos afeiçoamos.

É desse modo que homicidas e delinquentes, muitas vezes perdoados por suas vítimas, prosseguem depois do túmulo assaltados pelas imagens daqueles que lhes sofreram os golpes e os prejuízos, algemados ao remorso que se lhes erige nas almas em pelourinho de angústia e, pelo mesmo processo, os ingratos e desertores, olvidados na Terra, continuam, além, submetidos à aflição que lhes nasce dos pesadelos ocultos.

Não desprezes a oportunidade de auxiliar sempre, exercitando a bondade e a tolerância, o amor e a compreensão, porque o mal, muitas vezes, transforma-se em paz e luz naqueles que o recebem e, invariavelmente, é sempre treva e dor naqueles que o praticam.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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