Lira Imortal

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Capítulo XXV

Vendo o Homem


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Efêmero é esse orgulho, homem, que guardas,

Nesse mundo de angústias e de dores,

Onde soluçam seres inferiores

Entre milhões de células bastardas.


É o teu dia de dor, grande e profundo,

Sob o eterno mistério indevassado,

— És o triste fantasma encarcerado —

Nas leis organogênicas do mundo.


O corpo, que é o teu gozo alto e triunfante,

Que embelezas na Terra e em que presumes

Uma taça de angélicos perfumes,

É um vaso tenebroso e repugnante.


Vive nas luzes, onde não se esbarra

— A ventura que sonhas e desejas,

Pois sobre o mundo a boca com que beijas

É a mesma que vomita, cospe e escarra.


Mas se vives na Terra, por teu mal,

Cheio de sonho e dor, angústia e ânsia,

Todas as lutas são a substância

Do progresso infinito e universal.




Augusto dos Anjos
Francisco Cândido Xavier


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