Luz Bendita

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Capítulo XX

Agripino Grieco


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Um dos maiores e mais vigorosos críticos da época em várias entrevistas nos trouxe; Diário da Tarde — 31 de julho de 1939.


“— O médium Francisco Cândido Xavier escreveu isto do meu lado, celeremente, em papel rubricado por mim. A atenção que lhe dei e a leitura que fiz em voz alta dos trabalhos por ele apresentados com as assinaturas de Augusto dos Anjos e Humberto de Campos, não importam em nenhuma espécie de adesão ao credo espírita, como fiz questão de esclarecer naquele momento.


Diário Mercantil — 5 de agosto:

“…Tive, já, ocasião de externar a minha maneira de encará-lo ao me entrevistar com um representante dos “Diários Associados”, na Capital do Estado, quando disse textualmente o que o “Diário Mercantil”, em serviço telefônico divulgou em edição do dia 2 do corrente.

Assim, nada mais tenho a acrescentar senão repetir algumas palavras sobre a profunda emoção que me assaltou ao ler as referências da mensagem de Chico Xavier, feitas a mim e atribuídas a Humberto de Campos.

Íntimos, num contacto cordial e literário constante, ambos críticos, ambos homens de letras, era natural que entre mim e Humberto existisse uma amizade intensa e mútua. Agora, anos após sua morte, eis que me é dado encontrar-lhe novamente as ideias e o estilo, e da maneira extraordinária por que o foi…”


Diário da Noite, 21 de setembro:

“… Estava eu em Belo Horizonte e, por mero acidente, acabei indo assistir a uma sessão espírita. Ali, falaram em levar-me à Estação de Pedro Leopoldo para ver trabalhar o médium Chico Xavier. Mas, já havendo tantas complicações no plano terrestre, quis furtar-me a outras tantas no plano astral, e lá não fui. Resultado: Chico Xavier resolveu vir a Belo Horizonte…”

“— Na noite marcada para o nosso encontro, fui em vez de ir ao sítio aprazado, jantar tranquilamente num restaurante onde não costumava fazer refeições e onde, não sei como, conseguiram descobrir-me. Mas o caso é que me descobriram junto a um frango com ervilhas e me conduziram à agremiação onde havia profitentes e curiosos reunidos em minha intenção.

“Salão repleto; uma das grandes noites do kardecismo local… Abolotei-me à mesa da diretoria, junto ao Chico, que não me deu, assim inspecionado sumariamente, a impressão de nenhuma inteligência fora do comum. Um mestiço magro, meão de altura, com os cabelos bastante crespos e uma ligeira mancha esbranquiçada num dos olhos.

“— Nisto, o orientador dos trabalhos pediu-me que rubricasse vinte folhas de papel, destinadas à escrita do médium; tratava-se de afastar qualquer suspeita de substituição de texto. Rubriquei-as e Chico Xavier, com uma celeridade vertiginosa, deixando correr o lápis com uma agilidade que não teria o mais desenvolto dos rasistas de cartório, foi enchendo tudo aquilo. À proporção que uma folha se completava, sempre em grafia bem legível, ia eu verificando o que ali fixara o lápis do Chico. Primeiro, um soneto atribuído a Augusto dos Anjos. A seguir, percebi que estavam em jogo, bem patentes, a linguagem e o meneio de ideias peculiares a Humberto de Campos…

“…Fiquei naturalmente aturdido… Depois disso, já mortos dias decorreram e não sei como elucidar o caso. Fenômeno nervoso? Intervenção extra-humana? Faltam-me estudos especializados para concluir. Além do mais, recebi educação católica e sou um entusiasta dos gênios e heróis que tanto prestígio asseguram à religião que produziu um Santo Antônio de Pádua e um Bossuet. Meu livro, “São Francisco de Assis e a Poesia Cristã” aí se encontra, a testemunhar quanto venero a ética e a estética da Igreja. Mas — repito-o com a maior lealdade — a mensagem subscrita por Humberto de Campos profundamente me impressionou…”



Francisco Cândido Xavier

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