Mãos Unidas

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Capítulo XIII

Realidade e nós


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Aspiras à união com Jesus e, consequentemente, à vitória da paz em ti mesmo.

Para conseguir semelhante realização, será preciso, porém, penetrar mais profundamente no significado das palavras do Cristo: “e aquele que quiser vir em meus passos, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”. (Mt 16:24)

A fim de que os liames inferiores da personalidade sejam desatados, de modo a empreendermos a marcha na direção do Senhor, é necessário, entretanto, desarraigá-los de nossa realidade e não da realidade dos outros.

Por isso mesmo, se nos propomos renovar-nos, é imperioso deixar que os demais livremente se renovem.


Não tiveste o pai que desejarias e nem a progenitora que esperavas? Ama-os, tais quais se revelam, e abençoa-os pelo bem que te fizeram, trazendo-te à escola humana.

Não achaste o esposo ou a esposa, na altura de teus ideais? Aceita o companheiro ou a companheira que a vida te deu, exercendo a tolerância e o amor, observando que todos somos ainda Espíritos incompletos, na oficina da evolução.

Não possuis nos filhos os seres afins com que sonhavas? Acolhe-os como são e dá-lhes a melhor ternura da própria alma, na certeza de que também eles estão a caminho da perfeição que para nós todos ainda vem muito longe.

Não vês nos irmãos e nos amigos os gênios de bondade e abnegação que supunhas? Abraça-os, qual se mostram e oferece-lhes o apoio fraterno que se te faça possível, sem algemá-los a pontos de vista.


Cada criatura vive na realidade que lhe é característica. Em toda parte, cada um de nós em sua luta, em sua dificuldade, em sua prova, em seu problema.

Enquanto nos pomos a censurar, não conseguimos entender.

Enquanto exigimos, não aprendemos a auxiliar.

Deixemos cada companheiro ou companheira de caminho, na realidade que lhes toca e, amando e abençoando a todos, atendamos à realidade que nos diga respeito, reconhecendo que não nos achamos no educandário da experiência para dar as lições alheias e sim dar conta das lições outras que, pelas aulas do dia a dia, a própria vida confere a nós.




(Reformador, agosto 1970, p. 177)



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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