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Capítulo XI

Ato de confiança


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Alma fraterna e boa, em teu caminho,

Quando a vida pareça dor que se condensa,

Qual tempestade arrasadora e imensa,

Constrangendo-te o peito a terrível pesar,

Não te rendas às trevas da revolta,

E ante a sombra do mal que te injuria,

Ouve o Tempo a falar-te em novo dia:

— Amparar e seguir, esperar e esperar…


Quanta gente no mundo, a esta mesma hora,

Traz o cérebro em fogo e o coração vazio,

Atravessando a noite a tiritar com frio

E debalde buscando o refúgio de um lar!…

É o doente esquecido na calçada,

É a criança largada aos recantos da rua…

E, ao lado de quem chora, a vida continua

— Socorrendo e lenindo, a esperar e a esperar…


Pensa no coração materno em sofrimento,

Quando medita sobre um filho morto;

Na dor do companheiro em desconforto,

Que a penúria compele a mendigar,

Na solidão amarga dos enfermos

Cuja prova se agrava, instante a instante,

Aos quais a fé relembra, em apelo incessante:

— Resistir e vencer, esperar e esperar…


Tudo segue no mundo de passagem,

Fama, beleza, fausto, honraria, nobreza…

A alegria é irmã gêmea da tristeza,

A vitória e a derrota alternam de lugar

Mas acima de toda circunstância,

Na civilização martelada e sofrida,

Reina a Lei do Senhor, rogando-nos à vida:

— Amar e recompor, esperar e esperar…


E se à frente da luta desdobrada

De grupo contra grupo, em quase toda a Terra,

Atraindo a violência e as torturas da guerra,

Qual se a força do Bem devesse naufragar,

Se pedirmos a Deus resposta às nossas ânsias,

Ouviremos do Céu que nos guarda e ilumina

A mensagem de amor da Compaixão Divina:

— Trabalhar e servir, esperar e esperar…




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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