Parnaso de além-túmulo

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Capítulo I

Valado Rosas


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Nasceu em Viana do Castelo, Portugal, em 1871. Veio para o Brasil com 14 anos e aqui viveu, poetou e desencarnou, na cidade de Caratinga, aos 19 de Janeiro de 1929. Seu nome é Lázaro Fernandes Leite do Val. Modesto quão talentoso, foi também um polemista e doutrinador espírita vigoroso, que ilustrou o pseudônimo na imprensa profana e doutrinária do Brasil e de sua pátria.


AOS MEUS IRMÃOS

Sob as estrelas da minha crença,

Cansado e triste cerrei meus olhos

Dentro da noite que é para muitos

Um mar bravio, cheio de escolhos.


Quando no mundo de exílio e sombra,

Habituei-me com as invernias

E com os reveses da minha sorte,

Na luta intensa que encheu meus dias,


É que o Evangelho do Cristo amado,

— O mensageiro da Perfeição,

Nas horas tristes e amarguradas.

Esclarecia meu coração:


Não sou, no entanto, quem vá mostrar

As maravilhas que ele fornece,

Quando escutamos as vozes claras

Da consciência, na luz da prece.


E, então, eu pude adormecer

Na paz serena, doce e cristã,

Abrindo os olhos tranquilamente

Numa alvorada linda e louçã.


Vós, que ficastes no mundo ingrato,

De quem me lembro na luz do Além,

Lede o roteiro dos Evangelhos…

E a paz na morte tereis também.


NA PAZ DO ALÉM

Dentro da noite grandiosa e calma,

Deixo a minhalma falar aqui,

Aos companheiros de luta e crença,

Da graça imensa que recebi.


Graça divina de haver sofrido,

De ser vencido no mundo vão,

Graça de haver sorvido tanto

O amargo pranto da ingratidão.


Na vida obscura e transitória,

A nossa glória vive na dor,

Dor de quem sofre sonhando e espera,

Com fé sincera, no Pai de Amor.


Subi o Gólgota dos meus pesares,

Que os avatares da redenção

São todos feitos nas amarguras,

Nas desventuras da provação.


Perdi na Terra doces afetos,

Sonhos diletos de sofredor,

Mas recebendo na grande escola

A grande esmola do meu Senhor.


E a Morte trouxe-me a liberdade,

A piedade, o amparo e a luz!

Feliz quem pode na dor terrestre

Seguir o Mestre com sua cruz.




Valado Rosas
Francisco Cândido Xavier


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