Capítulo XIV

Imperfeição e ação


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Muitos companheiros fogem de cooperar na Seara do Bem, alegando a imperfeição de que se notam portadores, conquanto se reconheçam filhos de Deus.

Indubitavelmente, semelhante conclusão é muito estranha, de vez que as obras de Deus, na Terra, não param em momento algum, embora permaneçam muito longe da perfeição a que se destinam.

Por exemplo: o Amor, está muito distante de ser a luz que deve ser;

a Paz, entre as nações, está vagindo no berço;

a Ciência, permanece engatinhando na direção dos conhecimentos superiores;

a Cultura da Mente, apesar das pompas com que se manifesta na atualidade, jaz no nascedouro;

a Compreensão Mútua, é uma semente a germinar;

a Fé, ainda hoje, luta por se desvencilhar da placenta do fanatismo;

o Perdão, está soletrando o alfabeto do entendimento.


Evidentemente, todos nós, desejamos ser bons e nos achamos laboriosamente empenhados em conseguir as aquisições espirituais de que necessitamos.

Consideramos, no entanto, que os nossos amigos que fogem de agir e servir na lavoura do bem aos outros, pretextando imperfeição, parecem alimentar o desejo de serem mais do que Deus, cuja infinita bondade sustenta a todas as criaturas humanas, reconhecidamente imperfeitas, na construção evolutiva do planeta, entendendo-se que o Homem e o Mundo são obras criadas por Deus — obras criadas mas ainda não terminadas —, sem que possamos saber quando se lhes brilhará a presença na Perfeição, tanto quanto ignoramos onde estarão os nossos companheiros, cronicamente estacionários, no grande futuro, porque “esforço de melhoria espiritual” e “caminhada para Deus” são sinônimos que não devemos esquecer.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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