Capítulo XVI

Esmola e oração


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Em matéria de esmola e oração, não olvidemos conjugar os verbos pedir, obter e dar, para que se nos aperfeiçoe o sentimento.

Em verdade, asseverou-nos Jesus: — “Procurai e achareis”. (Lc 11:9)

Mas, afirmou igualmente: — “Brilhe vossa luz”. (Mt 5:16)

Sem dúvida, advertiu-nos, bondoso: — “Pedi e dar-se-vos-á”. (Mt 7:7)

Entretanto, acrescentou: — “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. (Jo 13:34)

Realmente, cada dia, rogas para teu filho a Bênção Celestial, em forma de saúde e segurança, bondade e inteligência, contudo, não te esqueças de que podes, na maioria das circunstâncias, descer do trono doméstico e estender fraternos braços aos filhinhos alheios, que tremem de frio ou que soluçam de fome, para quem significarás resposta sublime a dolorosos apelos.

Pedes alegria ao Todo-Misericordioso e, decerto, o Todo Misericordioso reconfortar-te-á o coração abatido, no entanto, aprende também a ser o consolo dos que vagueiam, desesperados, na noite da perturbação e do sofrimento, quando não jazem aprisionados nos calabouços do crime.

Suplicas amparo em favor daqueles que mais amas, endereçando ao Senhor comoventes requisições que atingem a Glória Eterna, mas, não abandones o próximo necessitado, que, tanta vez, te espera o auxílio afetuoso, metamorfoseado em alimento e remédio, perdão e entendimento.

Não faças, porém, da caridade a esmola constrangida que se entrega, à força, a quem te solicita o supérfluo.

Acorda tua alma à luz do amor infatigável e auxilia, espontaneamente, à maneira dos talentos do sol e da chuva, da flor e da fonte que descem do Tesouro Divino sem aguardar-te petitórios e chamamentos.

Cultiva a prece com humildade, devotamento, fidelidade e fervor.

Contudo, jamais te esqueças de que, da esmola que verte pura da Providência de Deus para as tuas necessidades, é indispensável retires alguma parte em favor daqueles que te rodeiam, a fim de que a tua oração não se faça delituosa exigência na Terra, mas, sim, flama abençoada e resplendente nos Céus.




(Brasil espírita, outubro de 1958, p. 1)



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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