Religião dos espíritos

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Capítulo XLII

Nós mesmos


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Reunião pública de 12 de Junho de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


Que é preciso trabalhar na conquista honesta do pão, todos sabemos.

Obrigação para cada um, no edifício social, é problema pacífico.

Não ignoramos, porém, que muitos companheiros do caminho permanecem à margem, esquecidos na carência, mergulhados na provação, chafurdados na delinquência, agoniados no desespero e penitentes na enfermidade…

Quem são, no mundo, os chamados para lhes prestarem socorro, em nome do Cristo?

Dizes que são os administradores; contudo, os administradores, via de regra, jazem inquietos, criando verbas e leis.

Dizes que são os políticos; entretanto, frequentemente, os políticos andam apreensivos na arregimentação partidária, estudando interesses e decisões.

Dizes que são os cientistas; todavia, os cientistas quase sempre estão concentrados em suas pesquisas, multiplicando indagações e dúvidas infindáveis.

Dizes que são os filósofos; mas os filósofos, na maioria das vezes, respiram encarcerados em suas doutrinas, alentando tribunas e discussões.

Dizes que são os milionários; todavia, os milionários comumente sofrem responsabilidades sem conta, fiscalizando posses e haveres.

Dizes que são os comerciantes; contudo, os comerciantes, muitas vezes, caminham absorvidos em suas transações, conjugando assuntos de compra e venda.


Tão pejados de compromissos vivem na Terra os governantes e os legisladores, os matemáticos e os intelectuais, os abastados e os negociantes, que serão todos eles categorizados sempre à conta de filantropos e heróis, benfeitores e apóstolos, toda vez que forem vistos nas faixas mais simples da caridade.

Lembra-te de Jesus, quando passou entre os homens cumprindo a Lei de Deus.

Em circunstância alguma formulou exigências e apelos aos titulados da Terra.

Em todos os lugares e em todos os serviços, irmanavam-se, Ele e o povo, na execução da solidariedade em nome do Amor Divino.

Assim, pois, se lembramos Jesus com fidelidade, quem deve alimentar os famintos e agasalhar os nus, sossegar os aflitos e consolar os que choram, instruir os ignorantes e apoiar os desfalecentes, antes de qualquer cristão desmemoriado ou inibido, somos sempre nós mesmos.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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