Religião dos espíritos

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Capítulo XLVII

Contradição


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Reunião pública de 29 de Junho de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


Muitos companheiros, a pretexto de se guardarem contra o mal, evitam contactos com esse ou aquele círculo de serviço, caindo frequentemente em males de maior monta.

E para isso, quase sempre, recorrem a negativas de vária espécie.

Dizem-se pecadores, mas fogem deliberadamente ao ensejo que lhes propicia a aquisição de virtude.

Afirmam-se devedores, quando, nesse aspecto, lhes cabe maior diligência na solução dos compromissos de que se oneram.

Declaram-se inúteis, ausentando-se dos quadros de trabalho em que poderiam mostrar os préstimos de que são mensageiros.

Asseveram-se imperfeitos, desertando da luta capaz de conferir-lhes mais amplo burilamento.

Escrevem longas confissões de remorso, sem ânimo de gastar ligeiros minutos na reparação dos erros em que se anunciam incursos.

Proclamam-se cansados, esquecendo-se de que, assim, exigem mais dura cooperação dos semelhantes, em diversas ocasiões, muito mais fatigados do que eles mesmos.

Intitulam-se doentes, reclamando o sacrifício dos outros.

Inculcam-se por vítimas do desencanto, veiculando o pessimismo com que esmagam as esperanças alheias.

Categorizam-se por neurastênicos angustiados, sem compaixão para com aqueles que lhes suportam a bile.

Acreditam-se perseguidos por Espíritos inferiores, sem jamais ofertar-lhes qualquer recurso de amor à renovação.

Lamentam-se. Colecionam queixumes. Exageram sintomas. Escusam-se e choram.

Ante a educação que ilumina e a caridade que levanta, imaginam-se ignorantes e fracos, malogrados e infelizes, muitas vezes mentalizando infortúnio e frustração, tédio e suicídio.

Transitam aqui e ali, entre a desconfiança e o desânimo, sentindo-se habitualmente desamparados e incompreendidos, destacando-se, onde surjam, à maneira de sensitivas ambulantes, temendo ciladas e tentações.

E encerram-se, por fim, na reclusão de si mesmos como se, insulados e inertes, estivessem conquistando altura moral. Contudo, nada mais conseguem que a fuga do dever a cumprir, porque, se, em verdade, procuram a apetecida libertação do mal, é imprescindível entendam que a melhor maneira de extinguir-se o mal será fazermos para com todos e em toda parte a maior soma de bem.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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