Religião dos espíritos

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Capítulo LIII

Sexo e amor


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Reunião pública de 7 de Agosto de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


Ignorar o sexo em nossa edificação espiritual seria ignorar-nos.

Urge, no entanto, situá-lo a serviço do amor, sem que o amor se lhe subordine.

Imaginemo-los ambos, na esfera da personalidade, como o rio e o dique na largueza da terra.


O rio fecunda.

O dique controla.


O rio espalha forças.

O dique policia-lhes a expansão.


No rio, encontramos a Natureza.

No dique, surpreendemos a disciplina.


Se a corrente ameaça a estabilidade de construções dignas, comparece o dique para canalizá-la proveitosamente, noutro nível. Contudo, se a corrente supera o dique, aparece a destruição, toda vez que a massa líquida se dilate em volume.

Igualmente, o sexo é a energia criativa, mas o amor necessita estar junto dele, a funcionar por leme seguro.

Se a simpatia sexual prenuncia a dissolução de obras morais respeitáveis, é imprescindível que o amor lhe norteie os recursos para manifestações mais altas, porquanto, sempre que a atração genésica é mais poderosa que o amor, surgem as crises de longo curso, retardando o progresso e o aperfeiçoamento da alma, quando não lhe embargam os passos na loucura ou na frustração, na enfermidade ou no crime.

Tanto quanto o dique precisa erguer-se em defensiva constante, no governo das águas, deve guardar-se o amor em permanente vigilância, na frenação do impulso emotivo.

Fiscaliza, assim, teus próprios desejos.

Todo pensamento acalentado tende a expressar-se em ação.

Quase sempre, os que chegam ao além-túmulo sexualmente depravados, depois de longas perturbações renascem no mundo, tolerando moléstias insidiosas, quando não se corporificam em desesperadora condição inversiva, amargando pesadas provas como consequências dos excessos delituosos a que se renderam.

À maneira de doentes difíceis, no leito de contenção, padecem inibições obscuras ou envergam sinais morfológicos em desacordo com as tendências masculinas ou femininas em que ainda estagiam, no elevado tentame de obstar a própria queda em novos desmandos sentimentais.

Ama, pois, e ama sempre, porque o amor é a essência da própria vida, mas não cogites de ser amado.

Ama por filhos do coração aqueles de quem, por enquanto, não podes partilhar a convivência mais íntima, aprendendo o puro amor fraterno que Jesus nos legou.

Mas, se a inquietação sexual te vergasta as horas, não te decidas a aceitar o conselho da irresponsabilidade que te inclina a partir levianamente “ao encontro de um homem” ou “ao encontro de uma mulher”, muitas vezes em perigoso agravo de teus problemas.

Antes de tudo, procura Deus, na oração, segundo a fé que cultivas, e Deus que criou o sexo em nós, para engrandecimento da criação, na carne e no espírito, ensinar-nos-á como dirigi-lo.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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