Religião dos espíritos
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Reunião pública de 14 de Dezembro de 1959
de “O Livro dos Espíritos”
Compadece-te de quem se aproxima.
Não te encarceres nas aparências.
Há risadas que disfarçam soluços.
Muita veste custosa esconde feridas.
O legislador que te parece feliz muita vez gemerá em desespero silencioso.
O administrador que passa, indiferente, carrega na cabeça tão esfogueantes problemas que deixou de saudar-te.
O expositor de ensinamentos sublimes que se te afigura a cavaleiro das vicissitudes humanas caminhará, talvez, cada dia, atormentado de tentações.
O titulado que respira sob o apreço público, pela elevação cultural e profissional a que se guindou, em muitas ocasiões transporta consigo amargas experiências.
O comerciante que supões regalado, na mesa opípara, guarda provavelmente o estômago ulceroso, com extrema dificuldade para comer.
O artista que presumes campeão do prazer, porque trabalha sorrindo, quase sempre possui no coração um vaso de lágrimas.
A mulher que julgas vaidosa, porque anda adornada, em muitas circunstâncias chora por dentro, crucificada no martírio doméstico.
A pessoa que acreditas insensata, por revelar-se autoritária ou pretensiosa, na maioria das vezes é simples caso de obsessão.
A sociedade é filtro gigantesco do espírito.
Cada consciência permanece no crivo que lhe é necessário.
Atende à fome do corpo, mas não desprezes a fome da alma.
Alivia aqueles que exibem chagas à mostra; no entanto, ampara também os que trazem chagas ocultas.
Toda criatura pede auxílio e entendimento. E ninguém há que não seja digno de socorro e compreensão.
Cede, assim, aos outros a simpatia que advogas em favor de ti mesmo.
Todos sabemos que a Terra é ainda estação de lutas expiatórias, mas será de futuro o domicílio do Eterno Bem.
Contudo, estejamos certos de que o bem de todos começa sempre no esforço construtivo de cada um.
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