Religião dos espíritos

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Capítulo XXIII

Sofrimento e eutanásia


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Reunião pública de 3 de Abril de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


Quando te encontres diante de alguém que a morte parece nimbar de sombra, recorda que a vida prossegue, além da grande renovação…

Não te creias autorizado a desferir o golpe supremo naqueles que a agonia emudece, a pretexto de consolação e de amor, porque, muita vez, por trás dos olhos baços e das mãos desfalecentes que parecem deitar o último adeus, apenas repontam avisos e advertências para que o erro seja sustado ou para que a senda se reajuste amanhã.

Ante o catre da enfermidade mais insidiosa e mais dura, brilha o socorro da Infinita Bondade facilitando, a quem deve, a conquista da quitação.

Por isso mesmo, nas próprias moléstias reconhecidamente obscuras para a diagnose terrestre, fulgem lições cujo termo é preciso esperar, a fim de que o homem lhes não perca a essência divina.

E tal acontece, porque o corpo carnal, ainda mesmo o mais mutilado e disforme, em todas as circunstâncias, é o sublime instrumento em que a alma é chamada a acender a flama de evolução.

É por esse motivo que no mundo encontramos, a cada passo, trajes físicos em figurino moral diverso.

Corpos — santuários…

Corpos — oficinas…

Corpos — bênçãos…

Corpos — esconderijos…

Corpos — flagelos…

Corpos — ambulâncias…

Corpos — cárceres…

Corpos — expiações…


Em todos eles, contudo, palpita a concessão do Senhor, induzindo-nos ao pagamento de velhas dívidas que a Eterna Justiça ainda não apagou.

Não desrespeites, assim, quem se imobiliza na cruz horizontal da doença prolongada e difícil, administrando-lhe o veneno da morte suave, porquanto, provavelmente, conhecerás também mais tarde o proveitoso decúbito indispensável à grande meditação.

E usando bondade para os que atravessam semelhantes experiências, para que te não falte a bondade alheia no dia de tua experiência maior, lembra-te de que, valorizando a existência na Terra, o próprio Cristo arrancou Lázaro às trevas do sepulcro, para que o amigo dileto conseguisse dispor de mais tempo para completar o tempo necessário à própria sublimação.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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