Religião dos espíritos

Versão para cópia
Capítulo LIV

Jovens


Temas Relacionados:

Reunião pública de 10 de Agosto de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


No estudo das ideias inatas, pensemos nos jovens, que somam às tendências do passado as experiências recém-adquiridas.

Com exceção daqueles que renasceram submetidos à observação da patologia mental, todos vieram da estação infantil para o desempenho de nobre destino.

Entretanto, quantas ansiedades e quantas flagelações quase todos padecem, antes de se firmarem no porto seguro do dever a cumprir!…

Ao mapa de orientação respeitável que trazem das Esferas Superiores, a transparecer-lhes do sentimento, na forma de entusiasmos e sonhos juvenis, misturam-se as deformações da realidade terrestre que neles espera a redenção do futuro.

Muitos saem da meninice moralmente mutilados pelas mãos mercenárias a que foram confiados no berço, e outros tantos acordam no labirinto dos exemplos lamentáveis, partidos daqueles mesmos de quem contavam colher as diretrizes do aprimoramento interior.

Muitos são arremessados aos problemas da orfandade, quando mais necessitavam de apoio amigo, junto de outros que transitam na Terra, à feição das aves de ninho desfeito, largados, sem rumo, à tempestade das paixões subalternas.

Alguns deles, revoltados contra o lodo que se lhes atira à esperança, descem aos mais sombrios volutabros do crime, enquanto outros muitos, fatigados de miséria, se refugiam em prostíbulos dourados para morrerem na condição de náufragos da noite.

Pede-se-lhes o porvir, e arruína-se-lhes o presente.

Engrinalda-se-lhes a forma, e perverte-se-lhes a consciência.

Ensina-se-lhes o verbo aprimorado em lavor acadêmico, e dá-se-lhes na intimidade a palavra degradada em baixo calão.

Ergue-se-lhes o ideal à beleza da virtude, e zomba-se deles toda vez que não se revelem por tipos acabados de animalidade inferior.

Fala-se-lhes de glorificação do caráter, e afoga-se-lhes a alma no delírio do álcool ou na frustração dos entorpecentes.

Administra-se-lhes abandono, e critica-se-lhes a conduta.

Não condenes a mocidade, sempre que a vejas dementada ou inconsequente.

Cada menino e moço no mundo é um plano da Sabedoria Divina para serviço à Humanidade, e todo menino e moço transviado é um plano da Sabedoria Divina que a Humanidade corrompeu ou deslustrou.

Recebamos os jovens de qualquer procedência por nossos próprios filhos, estimulando neles o amor ao trabalho e a iniciativa da educação.

Diante de todos os que começam a luta, a senha será sempre — “velar e compreender” —, a fim de que saibamos semear e construir, porque, em todos os tempos, onde a juventude é desamparada, a vida perece.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


Acima, está sendo listado apenas o item do capítulo 54.
Para visualizar o capítulo 54 completo, clique no botão abaixo:

Ver 54 Capítulo Completo
Este texto está incorreto?