Religião dos espíritos

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Capítulo LXXIII

Amigos


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Reunião pública de 19 de Outubro de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


À medida que avances, montanha acima, nas trilhas da evolução, é possível que muitos de teus amigos se transformem, porque não possam ver o que vês.

É qual se o vinho capitoso surgisse transfigurado em resíduo de fel, ou como se o brilhante longamente acariciado se metamorfoseasse em pedra falsa.


Consagras-te agora à luz.

Dormitam muitos na sombra.


Escolhes hoje servir.

Demoram-se muitos reclamando o serviço alheio.


Buscas presentemente a verdade.

Afeiçoam-se muitos à máscara da ilusão.


Desapegas-te de prazeres inferiores e posses materiais.

Algemam-se muitos à egolatria.


Estranhando-te a nova atitude, quase sempre te classificam os anseios de elevação com adjetivos injuriosos.

Porque não mais te acomodas nas trevas, há entre eles quem te chame orgulhoso.

Porque conservas a humildade na luz da abnegação, há entre eles quem te chame covarde.

Porque não mais te relaciones com a mentira, há entre eles quem te chame fanático.

Porque esqueces a ti mesmo no culto do amparo a outrem, há entre eles quem te chame idiota.

Entretanto, ama-os, mesmo assim, sem exigir que te amem, cultivando o trabalho que a vida te confiou.

O serviço sustentado nas tuas mãos falará, sem palavras, de teus bons propósitos a criaturas diferentes que, tangidas pelo divino amor, chegarão de outros campos em teu auxílio.

Para isso, porém, é indispensável não entres no labirinto das lamentações vinagrosas.

Censurar é ferir, e queixar-se é perder tempo.

Renuncia, pois, à satisfação da convivência com aqueles que, embora continuem amados em teu coração, não mais te comunguem as esperanças.

Se te esquecerem, perdoa.

Se te desprezarem, perdoa mais uma vez.

Se te insultarem, perdoa novamente.

Se te atacarem, perdoa sempre.

Seja qual for a maneira pela qual te apareçam, nos dias da incompreensão, ajuda-os quanto puderes.

O silêncio em serviço é uma prece que fala.

Deus que concede à semente o refúgio da terra e a bênção da chuva para que germine, em louvor do pão, dar-te-á também outras almas, com as quais te associes para a glória do bem.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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