Seara dos Médiuns

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Capítulo XXXIV

Desertores


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Reunião pública de 13 de Maio de 1960

de “O Livro dos Médiuns”


Médiuns desertores não são apenas aqueles que deixam de transmitir com fidelidade sinais e palavras, avisos e observações da Esfera Espiritual para a Esfera Física.

De criatura a criatura flui a corrente da vida e todos nós, encarnados e desencarnados de qualquer condição, estamos conclamados a lutar pela vitória do Bem Eterno.

Desertores são igualmente:

os que armazenam o pão, sem proveito justo, convertendo cereais em cifrões vazios;

os que pregam virtudes religiosas e sociais, acolhendo-se em trincheiras de usura;

os que fecham escolas, escancarando prisões;

os que transformam as chaves da Ciência em gazuas douradas;

os que levantam casas de socorro, desviando recursos que deveriam ser aplicados para sanar as dores do próximo;

os que exterminam crianças em formação, garantindo a impunidade, no silêncio das próprias vítimas;

as mães que, sem motivo, emudecem as trompas da vida no santuário do próprio corpo, embriagando-se de prazeres que vão estuar na loucura;

os que aviltam a inteligência, vendendo emoções na feira do vício;

os que se afogam lentamente no álcool;

os que matam o tempo para que o tempo não lhes dê responsabilidade;

os que passam as horas censurando atitudes de outrem, olvidando os deveres que lhes competem;

os que andam no mundo com todos os desejos satisfeitos;

os que não sentem necessidade de trabalhar;

os que clamam contra a ingratidão sem examinar os problemas dos supostos ingratos;

os que julgam comprar o céu, entregando um vintém ao serviço da caridade e reservando milhões para enlouquecer os próprios descendentes, nos inventários de sangue e ódio;

os que condenam e amaldiçoam, ao invés de compreender e abençoar;

os que perderam a simplicidade e precisam de uma torre de marfim para viver;

os que se fazem peso morto, dificultando o curso das boas obras…


Deserção! Deserção! Se trazemos semelhante chaga, corrigenda para nós!… E se a vemos nos outros, compaixão para eles!…




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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