Sexo e Obsessão
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Os labores prosseguem
Encontrava-me profundamente sensibilizado ante a sabedoria da Espiritualidade, graças às providências tomadas para a solução de um problema tão grave.
Daquela vez, o encontro com a Verdade dera-se de maneira totalmente imprevisível, sem discussões violentas nem processos vigorosos de debates, ou sequer utilizando-se de recursos mediúnicos pelo transe, no qual servidores reencarnados ofereciam a instrumentalidade orgânica, a fim de diminuírem o um pacto das construções psíquicas deletérias, que necessitam sempre de serem atenuadas.
A presença da veneranda Entidade, que trouxe a programação futura já elaborada, bastou para modificar a situação dominante. Os seus argumentos, vazados nas expressões do amor, que alcançava dimensão grandiosa, graças ao seu renascimento carnal para atender o filho extraviado e uma das suas vítimas mais infelizes, produziu um efeito surpreendente no alucinado enfermo espiritual.
Madame X, que se renovava em razão do despertamento para uma nova realidade, seria a responsável pelo reduto de misericórdia onde seriam recolhidas as vítimas das tempestades morais que se deixaram arrastar pelos ventos da loucura, às quais não se permitiram resistir. O incoercível poder do amor desmantelava o castelo de perdição erguido há mais de duzentos anos pelo transbordar das paixões primitivas que retinham o antigo marquês e algumas de suas vítimas.
Percebendo-me as reflexões e conhecendo o meu interesse no destrinçar dos mecanismos obsessivos e auto-obsessivos, o irmão Anacleto acercou-se-me e elucidou-me com critério e prudência:
– Miranda – referiu-se em tom fraternal, não obstante a sua ascendência espiritual – estamos sempre diante da própria consciência, que registra todos os pensamentos e ações de que somos objeto, responsável pelas nossas construções morais e espirituais. Durante muito tempo pode permanecer adormecida e os seus conteúdos parecem bloqueados pela conduta extravagante ou pela inspiração perturbadora que desvia os indivíduos da trajetória que devem seguir. No entanto, basta um toque de amor, e todo um mecanismo semelhante às sinapses neuroniais desencadeia sucessivas reações que trazem à tona tudo quanto se encontra aparentemente morto ou desconhecido. Esses impulsos liberam fixações e atitudes transatas, que ora volvem a exigir conduta reparadora, quando são negativos ou estímulos novos para a ampliação do quadro de valores, quando positivos. Por essa razão, ninguém foge de si mesmo. Deus habita a consciência do ser humano e Suas Leis aí estão exaradas com todas as exigências de que se fazem portadoras.
Detendo-se em reflexão, prosseguiu:
– O drama do marquês de Sade é o mesmo da maioria das criaturas, que se distraem no mundo e preferem as experiências embriagadoras à responsabilidade na vivência do culto dos deveres e realizações morais. A viagem carnal longe está de ser um mergulho sem sentido na ilusão da matéria.
Tem finalidades definidas, tais como a necessidade de evolução, de desenvolvimento dos valores internos que dormem no imo de cada criatura, manifestação de Deus que é, movimentando-se em área correspondente ao estágio de evolução na qual se encontra. Mantendo contato com o mundo de onde procede, através das mil formas de comunicações espirituais e de todo um arquipelago de fatos que despertam para reflexões e compromissos dignificadores, guarda as heranças que lhe são peculiares. Ninguém, portanto, que se possa justificar ignorância em relação aos deveres de evolução porque não esteja informado da realidade espiritual. A opção de tornar a vida melhor ou mais agradável depende de cada qual e daquilo que considera mais favorável ao seu elenco de prazeres assim como em relação aos compromissos a que se junge desde antes. . . "Na relatividade de todas as coisas, somente o Bem é eterno, porque procede de Deus, sendo todas as outras propostas terrenas transitórias e sujeitas aos Soberanos Códigos, que estabelecem o seu período de vigência, de durabilidade. Desse modo, todos avançamos para a Grande Luz, demo-nos ou não conta da ocorrência. E quando a teimosia humana atinge níveis absurdos, a Divindade interfere para a felicidade do próprio Espírito, em razão de haver perdido o contato com a sua realidade interior. "Estamos, pois, diante de Leis inalteráveis, que funcionam com absoluta precisão e não podem ser derrogadas. Desconsideradas, permanecem nos seus mecanismos automáticos até alcançarem aqueles que as rejeitaram e são atraídos à retificação. Tudo é perfeito na Divina Criação".
Não pairava qualquer dúvida quanto à legitimidade das informações que o Benfeitor me transmitia. Observando a maneira como o marquês de Sade havia chegado, sua soberba e aparente poder, e vendo-o, agora, quase vencido, constatava que a lição de amor e humildade da genitora atingira-o de cheio, despertando-o para a renovação que se fazia tardar.
Percebendo-me a silenciosa reflexão, o Mentor gentil aduziu:
– Sabíamos da excelência dos valores da genitora do marquês e, consultando-a, antes de quaisquer providências que o envolvessem, fomos informados de que também ela programava a liberação do estúrdio, planejando-lhe a futura reencarnação, quando o teria nos braços, iniciando nova etapa do processo iluminativo. Em razão dos fatores do desequilíbrio que o infelicitava, tomara providências para que o palco da reencarnação fosse em área de grandes sofrimentos distante dos centros citadinos, onde se reunissem Espíritos expurgando gravames do passado. A sua seria uma existência breve, de forma que a orfandade e as asperezas do caminho constituíssem-lhe o processo de libertação, considerando-se os limites orgânicos e as deficiências mentais que o aprisionariam no vaso carnal. "Não poderia haver providência mais sensata e oportuna, que correspondia perfeitamente aos nossos anseios, tendo em vista a necessidade da renovação espiritual do padre Mauro, envolvido também com a sórdida conduta do seu modelo infeliz. Assim, concertamos a atividade desta noite, reunindo os mais envolvidos na trama dos destinos, ao mesmo tempo desenhando programas de benefícios inadiáveis para outros que tombaram na urdidura do Mal e permanecem nas regiões sombrias e tormentosas da cidade perversa. Tudo acontece sempre para melhor atender aos desígnios superiores. " Enquanto o Benfeitor Dr. Bezerra de Menezes esclarecia o marquês, madre Clara de Jesus confortava Rosa Keller, que parecia estupefata ante o desenrolar das ocorrências para as quais não se houvera preparado. Exultava ante a possibilidade de ser feliz e temia a convivência com o adversário da sua paz.
A Mentora esclarecia-a que a reencarnação é bênção de Deus, que amortece as lembranças do passado e abre espaço para novos relacionamentos e para a verdadeira fraternidade, por contribuir com recursos valiosos para o entendimento, a interdependência entre os indivíduos, assinalando-os com a necessidade do auxílio recíproco, no qual surgem novas afinidades e desenvolvem-se sentimentos de amizade e de compaixão.
– E porque – aduziu a Mentora – o processo apenas começa, haverá muito tempo para adaptar a mente e modificar conceitos em torno dos relacionamentos que Deus concederá em relação ao futuro. "Quando o perdão é muito difícil de ser concedido a compaixão desempenha papel de importância, porque todos necessitamos desse sentimento, já que, defraudando as Leis de Deus, todos tombamos nos mesmos deslizes e somos credores dessa misericórdia, que é o primeiro passo para que se manifestem as bênçãos do amor. O ódio, que nasce do ressentimento e da necessidade de vingança, herança vigorosa do barbarismo que ainda predomina em a natureza humana, nutre-se dos seus próprios fluidos e termina por consumir aquele que o vitaliza. Quando recebe os impulsos da compaixão diluem-se as teceduras de que se constitui, alterando a vibração morbígena e, por fim, cedendo espaço à comiseração, à ternura, à fraternidade. Tudo porém deve começar do ponto inicial, que é o desejo de mudança, a necessidade de renovação. "Desse modo, filha, compadece-te de ti mesma e tenta compreender a enfermidade ultriz que assinalou toda a existência desditosa do teu algoz, concedendo-lhe a oportunidade de alcançar a saúde, tanto quanto a necessitas tu mesma. " As palavras, ungidas de bondade, encontraram ressonância no imo do Espírito revoltado, que se foi acalmando lentamente, à medida que recebia o influxo de energias restauradoras do equilíbrio a que não estava acostumado.
Logo depois, ainda embalada pela voz da Mensageira do Amor, demonstrou imenso cansaço, alterando o ritmo respiratório. Nesse comenos, madre Clara de Jesus induziu-a ao repouso, informando-a:
– Dorme, filha, saindo lentamente das sombras densas do passado, ante o amanhecer de um novo e luminoso dia que te espera. Esquece toda dor e toda treva, que representam o teu ontem, para pensares somente no teu amanhã radioso, que logo mais alcançarás. Despertarás em outra Casa de reeducação, onde te prepararás, a pouco e pouco, para a dadivosa oportunidade do renascimento carnal. Agora, entrega-te a Jesus e deixa-te por Ele conduzir docilmente como criança confiante que O aguarda, feliz.
A enferma espiritual entrou em sono tranquilo, sendo removida do recinto, ante o olhar esgazeado e surpreso do marquês de Sade.
Compreendendo os conflitos que o assaltavam, o bondoso Dr. Bezerra de Menezes, explicou-lhe:
– Como você não ignora, toda treva densa é apenas resultado da luz ausente que, em chegando, altera por completo a paisagem de horror concedendo-lhe beleza e claridade. O ontem são as sombras pesadas da embriaguez dos sentidos e da loucura que trazias desde priscas eras, que estouraram em violência vulcânica naqueles dias, gerando maior soma de sofrimentos para o futuro. Em decorrência dos vícios e das fixações tóxicas, a morte não libera aqueles que se devotam às baixas vibrações, antes os encaminham para regiões equivalentes onde dão curso aos seus apetites insaciáveis e mórbidos. No entanto, o banquete da ilusão, qual aconteceu a Baltasar, o rei da Babilônia, tem os seus dias contados e logo se consome em labaredas de aflição e de desgraça que, por outro lado, são o começo de novas experiências para a felicidade. Não foi por outra razão que o Apóstolo Paulo referiu-se que o aguilhão da morte é o pecado, isto é, ninguém foge desse pontiagudo instrumento que fere a alma e leva ao olvido, ao sono demorado pela morte. . . Vige, porém, em toda parte, a sabedoria do Amor, que sempre alcança os Espíritos, mesmo aqueles que se comprazem no desrespeito total à Vida, que desejam consumir. Iludidos e anestesiados pela própria prosápia, tombam, por fim, nas armadilhas que deixam pelo caminho, sendo conduzidos para a porta estreita do sofrimento, despertando no corpo imobilizado no qual, por muitos anos, experimentam silenciosas aflições e meditam longamente sobre o próprio destino e a realidade que se evitaram.
– Como então renascerei? – interrogou, aflito, o enfermo espiritual.
– Com as vestes carnais assinaladas pelos distúrbios longamente vivenciados. A idiotia, a paralisia, a deformidade da face serão os recursos prodigalizados pela Misericórdia Divina para o ocultarem dos inimigos que o não deixariam viver no corpo Disfarçado, será mais fácil para o êxito do grave empreendimento, dificultando que os cobradores alcancem-no com as suas tenazes de vingança. Isso porém, não impedirá que tormentos obsessivos naturais, produzidos por algumas das suas atuais vítimas alcancem-no mediante processo automático de sintonia vibratória. Outrossim, algumas lembranças dos longos anos na cidade perversa, na área sob sua governança, ressumarão do inconsciente profundo gerando aflições de alta gravidade, que serão atenuadas porém pela presença da mãe abnegada, que estará velando por você e amparando-o em todo o transe. Simultaneamente, vinculada pelo ódio, que se converterá em amor, Rosa Keller renascerá sua gêmea, a fim de apresentar características genéticas equivalentes, assim recompondo-se e iniciando nova etapa em luz para a própria felicidade.
– E os companheiros que se encontram sob minha sujeição e vieram comigo a este encontro, que lhes sucederá?
– Um expressivo número deles – esclareceu o Benfeitor – tocado pelo momento feliz, optará pela liberdade que anela e não tem podido fruí-la por motivos óbvios. Assim, não se preocupe com os irmãos de agonia, que se lhe submetiam ou que o acompanhavam igualmente anestesiados pela morbidez.
Ninguém se encontra esquecido nos Soberanos Códigos, onde estão inscritas todas as vidas. "Neste momento, volva à infância, recorde-se da figura de Jesus, que você execrou nos seus espetáculos de hediondez sexual, nas práticas obscenas que se permitiu e que dramatizou para outros desestruturados mentais e espirituais. Considere com serenidade a grandeza desse Homem que se deu em favor de todas as vidas, mesmo as daqueles que O escarneceram e O estigmatizam com o seu ódio injustificável, por não poderem compreendê-LO e menos amá-LO. Entre os distúrbios de comportamento, é conhecido o fenômeno de transferência de conflitos de uma para outra pessoa. Quando não se pode alcançar outrem, ser-lhe equivalente, o inconsciente transforma a aspiração não conseguida em violenta ira que é descarregada naquele que se encontra em posição superior, inatingível no momento pelo seu invejoso admirador. . . Assim, na sua alucinação e perversidade, o caro amigo, desdenhava do Homem de Nazaré pela sua superioridade moral e pelo estágio que alcançou, provocando-lhe rude e violenta inveja, acompanhada de desdém e desprezo.
Pense n’Ele agora de outra maneira. Altere o direcionamento mental e considere-O no Seu verdadeiro significado, na grandeza que O caracteriza. " O marquês apresentava-se aturdido e expressava na face ainda deformada a diversidade de sentimentos que o afligiam, sem definição emocional que o ajudasse a assumir uma atitude de equilíbrio. Os longos anos de perversa distância dos valores éticos, da dignidade humana, do respeito pela vida e por todos os seus elementos constitutivos, dele fizeram um odiento e singular espécime, que somente vivia em função das baixas sensações a que se entregara desde há muito. Não era, portanto, fácil, a mudança de conduta mental e de aceitação emocional. Esse Jesus, que lhe era apresentado, diferente do anterior, que detestara e de Quem zombara, em razão dos absurdos religiosos que vigiam no seu tempo, chamava-lhe a atenção de maneira diferente que, no entanto, não saberia como definir. Seria necessário muito tempo para que a conjuntura mental se alterasse e uma visão nova do Excelente Filho de Deus se lhe assenhoreasse da mente e da emoção.
Nesse báratro de conflitos e de incertezas, sentindo-se exaurido, talvez pela primeira vez, o marquês explicitou:
– Gostaria de dormir, de repousar um pouco, de sair deste pandemônio de conflitos e de desordens mentais que me consomem sem me destruir.
Dr. Bezerra de Menezes, tomado de grande compaixão, respondeu-lhe com suavidade:
– Dormirá, sim, porque o Pai ama todos os Seus filhos, não desamparando a nenhum, especialmente quando estava perdido e agora retorna à Casa. Silencie a mente e evite pensar em qualquer coisa. Durma e esqueça tudo, por momentos, a fim de despertar em outra situação e circunstância, para enfrentar a madrugada de luz que o cegará por pouco, de forma a poder contemplar o sol da Nova Era do futuro, que se desenha desde agora.
Distendendo as mãos abençoadas pelo trabalho intérmino de amor, aplicou vigorosas energias nos chakra coronário e cerebral, proporcionando ao paciente infeliz o sono restaurador. Alguns segundos transcorridos e ele dormia com alguma alteração, agitando-se, de quando em quando, em razão das imagens mentais arquivadas, ora sob psicoterapia refazente.
Madame X, que acompanhava as diversas fases da incomum experiência espiritual, chorava discretamente, quando o irmão Anacleto e dona Martina se lhe acercaram, cabendo ao Mentor esclarecê-la:
– A partir deste momento, os vestígios vigorosos da conduta perniciosa de Madame X apagar-se-ão na memória, a fim de que as experiências iluminativas do futuro possam conduzi-lo com segurança para o objetivo libertador. Por consequência, serão tomadas providências para acalmar a sua mente, diminuindo a intensidade do vício longamente cultivado, de forma que nos cometimentos do futuro, a piedade e a ternura, a misericórdia ante os sofrimentos infantis, ajudem-no na depuração moral a que se deverá entregar, superando o homem velho e dando vigor ao homem novo, que agora nasce sob a inspiração de Jesus. "Compreensivelmente, após todos os choques morais vivenciados durante esta semana, o seu organismo se ressentirá e um abatimento profundo, assinalado por vários distúrbios psicológicos, tomará conta das suas energias, ameaçando-lhe seriamente a saúde. Nada obstante, estamos tomando providências, a fim de que possa superar o desgaste e os transtornos psicológicos que advirão, em clínica especializada, que o senhor Bispo está providenciando, após o que, transferido de cidade para uma região carente e menos populosa, você recomece a existência e se transforme em benfeitor da comunidade. Os seus exemplos constituirão uma bênção para os pobres e desafortunados, que verão, no seu testemunho de jovem voltado para o Bem, uma emulação para a vivência da caridade e do amor, seguindo Jesus na Sua condição de modelo e guia da Humanidade. " Dona Martina abraçou o filho querido, que lentamente retomou a forma perispiritual de Mauro, sem poder dominar as lágrimas, e ele pôs-se a justificar:
– Não agia mal por livre opção, porém dominado por força quase demoníaca, que me induzia às práticas infelizes que me atormentavam mais do que me facultavam prazer. Sempre retornava da vivência da aberração amargurado e arrependido, vencido nas minhas forças, como se exaurido por algo que me absorvia todas as energias. Como será agora a minha conduta?
Terei forças para prosseguir? E esse demônio, que me suga e devora, voltará a vencer-me?
A gentil senhora desencarnada, sem ocultar a alegria ante a renovação do filho, abraçou-o ternamente, como o fez durante a sua infância, e esclareceu- o, serena:
– Não temas filho do coração! O amor de Nosso Pai convida-nos agora a novas providências, a experiências libertadoras. O passado é bênção que nos impulsiona para o futuro, desde que saibamos aproveitar as suas lições e interpretar o aprendizado que dele fruímos, estabelecendo metas que nos cumpre alcançar. O Pai Diligente traçou roteiros para nós, meu filho, que seguidos, nos ensejarão a plenitude. Quando recuperado, iremos buscar teu pai, que levaremos para o lar que erguerás em favor das criancinhas esquecidas do mundo e lembradas por Deus, a fim de que também ele seja beneficiado. Nesse programa de redenção, receberás também Jean-Michel, a quem deves altas somas de amor e de compreensão, incapaz, neste momento, de entender o labor em curso. Como somos viajantes do tempo, o que se encontra estabelecido irá sucedendo sem pressa nem tumulto, e cada qual que se encontra incurso no processo irá chegando até que os delineamentos de hoje se tornem realidade futura. No mais, entrega-te a Jesus, n’Ele confia e espera, sofrendo com paciência e renovando-te sem cessar. Jamais nos separaremos durante este cometimento de libertação de todos nós, os comprometidos com a Vida. Agora, filho, dorme e sonha com o dia radioso que logo mais amanhecerá. A vitória pertence a todo aquele que porfia e não para a coletar glórias enquanto não termina a luta. Ergue-te, portanto, acima das vicissitudes, enfrenta os trâmites necessários ao reajuste e canta comigo a glória do Senhor que nos ama e labora conosco.
Quando a Entidade generosa terminou, tinha lágrimas que perolavam transparentes, descendo pelas faces. Nós outros, igualmente comovidos, acompanhávamos a cena de amor maternal embevecidos e sensibilizados. Duas mães e diversos destinos ali estiveram presentes, construindo o futuro dos filhos tresloucados e arrependidos, que anelavam por nova oportunidade de crescimento na direção de Deus e da Vida.
Pude então refletir que, enquanto houver mães no mundo, o amor de Nosso Pai estará refletido nos seus atos de extrema abnegação e renúncia.
Víramos uma delas renunciar ao esplendor de Regiões felizes para descer ao vale de amargura, a fim de oferecer braços protetores ao filho revel, sem pensar na própria felicidade, de que já desfruta. Enquanto a outra assumia o compromisso de permanecer no vale sombrio ao lado do filho dependente renunciando ao monte de sublimação. Para elas, a felicidade era a liberação dos seus anjos crucificados na agonia proporcionada pela loucura da própria insensatez.
Enquanto não os conduzisse à glória solar, não se permitiriam a ascensão plenificadora.