Capítulo IX

Compaixão


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Quando te ergueres em prece ao coração augusto e misericordioso do Pai Celestial, não olvides que ao redor de teus passos, ecoam as súplicas de milhões de seres implorando-te compaixão.

Anota-lhes o tom de expectativa e de angústia e não desdenhes auxiliar.

Aprende a guardar na acústica da própria alma a essência divina do amor infatigável para que a paciência e o sorriso te ensinem a recolher, sem alarde e sem queixa, todos os impactos do alheio sofrimento.

Veste, cada dia, a túnica do entendimento e encontrarás, por toda parte, a ignorância e a penúria rogando-te amparo e compreensão.

Observarás a dor de mil faces, estendendo-te as mãos, à procura da migalha de fraternidade e carinho.

Aqui, mascara-se na forma de delinquência naqueles que não tiveram as tuas oportunidades de educação; adiante, surge na roupa espinhosa do desespero a que se acolhem os companheiros em provas amargas.

Ali, aparece-te com a fantasia da ilusão em todos os que não se apercebem da sua condição de usufrutuários da Terra, e, mais além destaca-se nas chagas de aflição dos que despertam sob as responsabilidades do ouro e do poder.

Seja com quem for e seja onde for, compadece-te e ampara sempre.

Observa que a própria Natureza, em todos os lugares, é um apelo vivo à tua misericórdia para que a vida alcance os fins a que se destina.

A terra seca roga-te a bênção da água refrescante para que te possa doar os talentos do pão e da alegria; a árvore clama por teu devotamento a fim de produzir quanto deve em teu próprio benefício e o fruto verde espera por teu carinho, para não perecer em sua expectativa de maturação.

Age e caminha, trabalha e serve, inspirando-te na compaixão que deves a todas as criaturas.

Perdoa mil vezes antes de reprovar uma só e penetrarás os altos segredos do bem.

Recordemos em quantas ocasiões necessitamos da compaixão do próximo para sanar os nossos erros e fazendo pelo bem dos outros aquilo que desejamos dos outros na preservação de nossa própria felicidade, avançaremos para a vanguarda de luz sob o amparo de Deus, cuja Infinita Bondade, encerra em nosso favor todas as bênçãos da compaixão imperecível.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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