Capítulo XXVIII

O raio da morte


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Em toda parte onde a criatura não se vigia, ei-lo que surge, como que arremessado pelos abismos da sombra.

É o raio da morte que extermina, implacável, todas as sementeiras do bem.

Na maternidade — é a força imponderável que provoca o desastre do aborto ou que fulmina pobres anjos recém-natos a sugá-la por veneno sutil, à flor do materno seio.

Na paternidade — é a frustração das mais preciosas esperanças endereçadas pelo Céu em socorro à família.

No lar — é o espinho magnético, alimentando o sofrimento naqueles que mais amamos.

No templo — é o assalto das trevas às promessas da luz.

Na caridade — é o golpe da violência colocando o vinagre do desencanto e o fel da revolta no prato da ingratidão.

Na escola — é a ofensa à dignidade do ensino.

Entre amigos — é o azorrague de brasas crestando as bênçãos da confiança.

Entre adversários — é o instinto que arma o braço desavisado para o infortúnio do crime.

Nos moços — é a certidão de incapacidade para servir.

Nos adultos — é punhal invisível degolando sublimes ensejos de entendimento e progresso.


Por onde passa, deixa sempre um rastro de lodo e sangue, lágrima e desespero, exigindo a mais ampla serenidade do tempo e o mais dilatado perdão para que o equilíbrio da vida se refaça.

Esse raio mortal é a cólera onde aparece.

Para conjurar-lhe o perigo, só existe um remédio justo — receber-lhe o impacto destruidor no clima do silêncio sobre a antena da oração.




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

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