Jesus e o Evangelho (Série Psicologica Joanna de Ângelis Livro 11)

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A paciência - Ev. Cap. IX - Item 7

A paciência - Ev. Cap. IX - Item 7

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.


Mateus 5:9

A mais remota hipótese de considerar-se Jesus como Deus repugna ao esforço desenvolvido pela Psicologia Profunda e pela razão, que discordam veementemente da possibilidade de um Deus-Homem ou de um Homem-Deus, configurando o Supremo Criador vestido pela tangibilidade transitória para vivenciar os postulados por Ele concebidos, envolvendo-se em interpretação mitológica, que deságua no ultrapassado labirinto conceituai do mistério para o ainda precário entendimento humano.

O evangelista João é peremptório, quando afirma: Ninguém jamais viu a Deus. (João 1:18)

É da mais recuada antiguidade, e mesmo modernamente em diversas culturas do Oriente, a conceituação da humanização divina assim como da divinização humana, em frontal agressão ao bom sentido da lógica e da Criação.

Conceber-se o Absoluto sintetizado no relativo é torná-lo finito, palpável, retido em pequenez, sem os atributos que O caracterizam, diminuindo-Lhe a grandeza da Infinitude e Causalidade, que somente se explicam a si mesmas.

A visão, porém, de um Jesus-Homem, que compreende a necessidade da paciência para que sejam conseguidas as metas desafiadoras, dá muito mais sentido lógico e ênfase ao Seuministério, do que se fora o próprio Deus revestindo-se de uma forma tão desnecessária quão absurda.

Era um Homem dotado de extrema paciência, por conhecer o passado das almas e prever o seu futuro, como resultado da conduta e do empenho a que se entreguem.

A paciência também pode ser considerada como a ciência da paz, e por isso são bem-aventurados os pacíficos, aqueles que trabalham com método e confiança tranquila em favor da renovação do mundo e das suas criaturas, conseguindo ser chamados filhos de Deus que representam toda a paz.

A paz deve constituir a meta do ser pensante que luta em contínuas tentativas de adquirir a plenitude.

A paz é tesouro que não pode ser afetado em circunstância alguma, que a leve a desaparecer. E a paciência é sua exteriorização, porque é o mecanismo não violento de que se utiliza, a fim de alcançar os objetivos a que se propõe.

A paciência conquista individual através do esforço pela autoiluminação, pelo autoconhecimento e descoberta dos objetivos da existência, transforma-se em caridade de essencial significado quando direcionada aos que sofrem, ajudando-os com benignidade, trabalhando a resignação que dela também se deriva.

Há sofrimentos ocultos e desvelados, muito variados e complexos, que são desafiadores da sociedade. Aqueles que são mais vistos, às vezes sensibilizam os indivíduos, que se comovem e se oferecem para minimizá-los, embora as multidões de aflitos e sofredores se apresentem em desalinho pelas ruas, vielas e campos do mundo. . . Todavia, aqueles que são ocultos, que poucos percebem, estiolando os sentimentos mais belos do indivíduo, esses esperam mãos compassivas e corações pacientes para auscultá-los e escutar-lhes os gemidos quase inaudíveis, arrancando das carnes das almas os espinhos dilaceradores que as mortificam. Nem sempre ou quase nunca a tarefa é fácil.

Alguns seres se encontram tão doentes moralmente e tão descrentes da caridade, que se fazem agressivos, difíceis deserem ajudados, exigindo paciência perseverante e desinteressada para os alcançar.

Outros tantos, através das suas reações afetivas encolerizadas, constituem prova áspera que a paciência deverá suplantar com bondade e compaixão.

Quanto mais doente, mais atendimento paciente necessita a ave humana ferida no seu voo de crescimento interior.

Nem sempre é fácil entender o desespero de outrem, quando não se experimentou algo semelhante. São muitos os fatores de aflição, desde pequeninas dificuldades até as exaustivas e quase insuportáveis expiações, todas exigindo paciência a fim de serem atendidas e solucionadas.

A paciência encoraja o ser, porque o ajuda a enfrentar quaisquer situações, tomado pela ciência da paz.

Jesus deu mostras significativas dessa conduta, quando deixou de fazer muita coisa que parecia indispensável e solucionadora.

Não se apressou em iniciar o ministério, senão quando os tempos haviam chegado e as circunstâncias se faziam auspiciosas.

Aguardou que João O anunciasse e, quando aquele estava quase terminando o ministério, Ele deu início ao Seu conforme o anúncio das velhas profecias.

Submeteu-se a todas as injunções impostas pelas revelações antigas que caracterizariam o Messias. Pacientemente aceitou a observação do Batista que O testificou após o fenômeno da Voz espiritual que se fez ouvida, informando ser este o Filho dileto, em quem me agrado,(S. Lucas 3:17.) Confirmando a independência entre o Pai e o Descendente.

Jesus viveu a Sua humanidade com singular elevação, suportando fome, dor, abandono e morte sem impacientar-se, submisso e confiante, ultrapassando todas as barreiras então conhecidas a respeito das resistências humanas, assim tornando-se um Paradigma a ser seguido, destroçando o que era comum, corriqueiro, banal, fixo em torno dos indivíduos: o limite das suas forças.

Já se disse que o homem é um milagre, certamente um milagre da vida, que transcende o convencional e conhecido, porque sempre se apresenta acima de qualquer interpretação eentendimento. A sua constituição física perfeita é uma maquinaria incomum, a sua emotividade extraordinária em mecanismos de altíssima sensibilidade, e o Espírito, viandante de mil jornadas, constituem um enigma para uma rápida definição ou profunda interpretação, estando, por enquanto, além do entendido. . .

Humano, porém, Jesus foi especial em razão dos Seus valores.

Tornou-se pequeno para fazer-se semelhante aos que O acompanhavam e não diminuiu a grandeza interior.

Ele se fez um novo biótipo, trazendo um conteúdo diferente ao convencional e aceito, realizando o antes impossível graças à Sua paranormalidade excepcional, demonstrando quem Ele é.

Tornou-se, para todos os tempos, um convite desafiador que não pode ser desconsiderado, transformando-se em exemplo humanizado de todas as possibilidades. Ele foi livre e atingiu as culminâncias do amor imaginável, da paixão pelas criaturas às quais veio socorrer e conduzir como Pastor que arrisca a vida para salvar do perigo as ovelhas que tresmalharam.

As Suas ideias mereceram estudos acurados de ateus e religiosos, de místicos e de cépticos, sendo unânimes em afirmar que a Sua justiça social é irretocável e que o Seu amor é incomum, rompendo com os tempos dos Seus dias para antecipar um futuro que ainda não foi conseguido.

O Seu compromisso com a sociedade de todas as épocas d'Ele fez um revolucionário que não instiga ódio, demonstrando que são todas as criaturas iguais, sem diferenças de credos, de raças, de nações, de classes, na condição de filhos de Deus, Seus irmãos, aos quais veio ensinar como poderiam ser felizes. No entanto, não almejou que essa felicidade fosse lograda somente após a morte, mas, no instante mesmo da renovação interior, que é o momento azado para haurir paz e harmonia.

(. . .) E tudo com inexcedível paciência, não antecipando informações que a mentalidade da época estivesse impossibilitada de entender, razão por que anunciou que enviaria o Consolador, que o mundo ainda não conhece. . . porque não o pode suportar. . . para fazê-lo. Tempo e espaço na Sua dimensão encontram-se ultrapassados, valendo o momento hoje, a oportunidade apresentada para encetar a marcha da busca de Deus.

Deus é a Meta, Ele é o Meio, a vida é o caminho que Ele ilumina de exemplos para que todos se encontrem e se engrandeçam.

Surge, então, com a Psicologia Profunda uma nova imagem de Jesus, o Homem que ama que serve que espera que ensina e, pacientemente, intercede junto ao Pai por todos aqueles que estão na retaguarda.

Ele deixa de ser uma lembrança da ortodoxia ou da teologia para tornar-se vivo e atuante, próximo sempre de quem O queira escutar e seguir os Seus ensinamentos atuais e palpitantes.

A Sua proposta não é para que se fuja deste mundo enfermo, da sociedade empobrecida moralmente, mas para que se consiga curar a doença com a conquista da saúde para cada membro do planeta, e haja enriquecimento moral de todas criaturas membros do organismo social.

Tal cometimento é um grave desafio, que somente os Espíritos pacientes irão conseguir, e, por isso, serão chamados filhos de Deus. . .




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Mateus 5:9

Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;

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João 1:18

Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer.

jo 1:18
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