Jesus e o Evangelho (Série Psicologica Joanna de Ângelis Livro 11)

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OS INFORTÚNIOS OCULTOS - Ev. Capítulo XIII - Item 4

OS INFORTÚNIOS OCULTOS - Ev. Capítulo XIII - Item 4

Abstém-te de falar disto a quem quer que seja. . .


Mateus 8:4

Todos os seres são de essência divina, porque procedentes do Psiquismo Criador, que estabelece o processo da evolução mediante as experiências infinitas do progresso incessante.

Como consequência, torna-se imperiosa a necessidade de cada qual desenvolver os sentimentos que se aprimoram, superando os atavismos que remanescem das experiências anteriores, ainda predominantes em sua natureza.

O empreendimento é desafiador, portanto, rico de oportunidades iluminativas e engrandecedoras.

Fadado a alcançar a plenitude, todo o empenho se desdobra desde a conjuntura mineral até à angelitude, que alcançará a esforço cada vez menos penoso, porque da canga, ao ser extraída a gema, se torna mais fácil facultar-lhe o brilho.

Das penosas conjunturas do começo até os momentos de sublimação, etapas se sucedem ricas de possibilidades que, aproveitadas, apressam o desabrochar dos valores adormecidos, encarregados de ampliar-se no rumo das estrelas.

A visão da Psicologia Profunda em torno do ser humano é enriquecida de esperança em favor do seu engrandecimento ético, assim como do seu crescimento intelectual, facultando as duas asas para compor a sabedoria em que se converterá, alçando voos pelo Cosmo, superados limites e fronteiras físicas.

Para esse logro, o trabalho é árduo e gratificante, porque, à medida que se libera de cada impositivo, torna-se mais factível vencer o próximo, ensejando-se mais amplos recursos de iluminação interior.

O ego em predomínio, lentamente cede espaço ao Self, que se encarrega de conduzir os pensamentos, ideais e esperanças necessárias para alcançar a meta a que está destinado.

O Cristo histórico, neste contexto, cede lugar ao Je-susHomem, mergulhado na turbamulta e entre os caprichos da mole humana, mantendo-se em neutralidade total, não obstante tomado de profunda compaixão por aqueles que O não entendiam e se engalfinhavam nas lutas ridículas das disputas transitórias pela conquista de migalhas, ouropéis, metais das entranhas da Terra, que passaram a adquirir valor relativo. . .

Aquele Jesus das teologias igrejistas, embora compadecido das multidões, parecia distante dos seus sentimentos, procurando a Sua comunhão com Deus, longe dos tormentos das massas, que se apresentavam necessitadas desse processo depurador. Colocado como redentor, liberador de culpas, também estava isento de qualquer tentação, de qualquer condição de humanidade, inalcançável pelos fenômenos do mundo, portanto, de certo modo, também, impossível de ser imitado, acompanhado, inacessível. . .

Na proposta da Psicologia Profunda, que humaniza o Vencedor de si mesmo, que triunfou sobre as conjunturas em que se encontrava graças aos valores conquistados, tornava-se companheiro do infortúnio por conhecer a sua origem e as contingências perigosas para o processo de evolução, ao mesmo tempo oferecendo recurso terapêutico para as mazelas morais e espirituais daqueles que as padeciam.

Instava com os infelizes, mesclava-se com eles, mas não se tornava um deles, porque a gema preciosa, mesmo no pântano, quando o Sol a alcança mantém o seu brilho.

Jesus é o diamante que se tornou estelar, mantendo o brilho interior, sem permitir-se ofuscar as débeis claridades individuais, no entanto, clareando as consciências e amando-as.

Todo o Seu é um ministério de esperança e de amor, de compaixão e de auxílio, movimentado pela ação do Bem, único recurso para minimizar ou anular as ocorrências dos infortúnios ocultos.

Conhecendo cada pessoa que d'Ele se acercava, graças à capacidade de penetrar o insondável do coração e da mente, sem humilhar ou jactar-se, conseguia oferecer combustível de amor para a transformação interior que se deveria operar, e quando essa não ocorria, assim mesmo estimulava o seu prosseguimento, pois que um dia seria alcançada. . .

A Sua divindade estava na essência interior d'Ele mesmo -

assim como se encontra em todos nós — mas, sobretudo, na forma de viver a Mensagem, que expressa o amor inefável de Deus pelas Suas criaturas.

Fossem conforme se apresentassem as calamidades físicas, morais, políticas, econômicas, os infortúnios de qualquer expressão, Ele se utilizava da caridade misericordiosa, entendendo a angústia e a aflição, procurando remediar, quando não as devesse eliminar, porque delas poderiam resultar abençoados frutos para o porvir de cada qual. Quantos desastres ocultos, quantos desalinhos que não chegavam a ser conhecidos, porém, foram identificados pela Sua superior qualidade espiritual!

Silenciosa ou verbalmente, contribuía para que tudo se resolvesse, sem impedir que o paciente ou a vítima oferecesse a sua contribuição de esforço e sacrifício, a fim de crescer e aprender a construir o bem em si mesmo, sem permitir-se elogios, gratidões ou aplausos, que sempre os desconsiderou.

Abstém-te de falar disto a quem quer que seja. . . impôs ao hanseniano recém curado, para evitar as louvaminhas e exaltações das multidões frívolas e interesseiras, mas aduziu: . . .

vai mostrar-te aos sacerdotes e oferece o dom prescrito por Moisés, afim de que lhes sirva de prova.

Não se opunha às prescrições, embora não lhes desse importância; no entanto, não criava embaraços ao comportamento da humana justiça nem da sociedade de então, farisaica e formalista.

Arrancando as pústulas em decomposição orgânica, por intermédio da renovação celular, propunha a profunda mudança de atitude mental e moral do paciente, para que os campos vibratórios modeladores da forma mantivessem o ritmo de equilíbrio para a preservação da harmonia dos órgãos.

Igualmente induzia ao respeito pelo que estava estabelecido, de modo que educasse o indivíduo para viver dignamente no grupamento social em que se encontrava.

O Seu lado humano exigia que a comunidade vivesse em equilíbrio emocional vinculada aos seus estatutos legais.

A caridade não arrosta consequências da insubordinação, do desrespeito, da agressão ao status quo, antes ilumina-o, contribui para a sua renovação incessante, por ser semelhante à luz que dilui trevas sem alarde nem violência.

A ausência de ostentação em todo o Seu ministério é a demonstração da Sua humildade e da Sua humanidade, direcionando para Deus todos os feitos, todos os resultados felizes dos empreendimentos realizados.

Ninguém se pode escusar de atender aos infortúnios ocultos, conforme Ele o fez.

Quem é falto de um sentimento de compaixão ou de misericórdia em relação a outrem, que foi colhido pelos vendavais da amargura, da desesperação ou tombou nas malhas da loucura, do abandono, da solidão?Ante o dia e a noite ricos de promessas e realizações, quem se pode considerar, humano que é, órfão de ar, de luz, de esperança, de bondade, em um mundo rico de beleza e de oportunidades enriquecedoras?

Os infortúnios ocultos encontram-se em todos os seres humanos, sem qualquer exceção. Dissimulados, escondidos, ignorados, eles são as presenças-apelos da vida para o crescimento interior, ao esforço para alcançar os patamares da paz e da alegria perfeita. Sem o seu concurso todos se contentariam com as paisagens menos belas da névoa carnal, não aspirando à ascensão nem à imortalidade!

A humanidade de Jesus está muito bem-delineada na parábola do bom samaritano, exemplo máximo de solidariedade, de elevação de sentimentos, de caridade. . .como Ele próprio o fazia.

Por isso, não é importante alguém apenas confessar-se crente em Jesus ou não, mas imitá-lo, em razão do que Ele inspira, do sentido e significado da Sua existência na Terra e da Sua passagem entre as criaturas, quando do Seu apostolado de amor, exarado nos Seus feitos e nos Seus não feitos.

Nesse contexto, Ele deixa de ser o símbolo Jesus, distante, irreal e complacente, para tornar-se o dinâmico Jesus-Homem de todos os momentos do caminho dos homens, instruindo-os, renovando-os, soerguendo-os e aguardando-os pacientemente.

O homem moderno necessita ouvir Jesus com os olhos. Sentir os exemplos que ressumam da Sua história e que estão ressuscitados nos Seus seguidores, que procuram fazer conforme Ele realizava na direção do alvo essencial, que é a libertação das paixões constritoras que remanescem no egotismo da natureza animal, transformando-se em realidade espiritual.




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Mateus 8:4

Disse-lhe então Jesus: Olha não o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.

mt 8:4
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