Jesus e o Evangelho (Série Psicologica Joanna de Ângelis Livro 11)
Versão para cópiaConvidados e aceitos - Ev. Cap. XVIII - Item 2
(. . .) porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
Toda a mensagem de Jesus é um confronto com a existente no mundo. Seu subjetivismo é objetivo e real, porque se assenta em parâmetros de lógica que fogem ao imediatismo, transferindo-se dos simples acasos para uma causalidade extrafísica, cujas conexões lentamente são identificadas pela pesquisa espírita, Parapsicologia e pelas demais doutrinas de investigação da vida transpessoal. A Psicologia, no momento, já detecta, a pouco e pouco, essas conexões cujas causas fogem ao plano apenas subjetivista, porque fundamentadas em realidades legítimas fora dos sentidos objetivos.
A sincronização, embora elucide alguns desses fenômenos, não abarca toda a gama de conexões que facultam a sua ocorrência.
Isso porque o ser espiritual governa os acontecimentos que têm campo no mundo físico, rico de fenômenos que, não obstante, são só aparentes.
Partindo-se para uma análise da energia e das suas várias nuances de expressão, constatam-se efeitos múltiplos que, aparentemente, seriam resultado de uma casualidade ao comprimir-se, por exemplo, um botão e abrir um espaço fechado, ou emitir-se uma onda que, embora invisível, conecta com segurança a antena de um satélite, enviando mensagens visuais e auditivas, portadora de força peculiar para agir com exatidão conforme a intensidade de que se revista. A uma observação menos cuidadosa, esse fenômeno pareceria casual, desde que não se pudesse repetir tantas vezes quantas desejadas.
Graças às percepções anímicas e mediúnicas desveladas e estudadas com critério pelo Espiritismo, esses fenômenos repetem-se com as mesmas características, variando de conteúdo em razão da diversidade dos agentes que os acionam.
Assim, o discurso de Jesus é sempre portador de um conteúdo subjetivo que não se adapta à visão e ao modus operandi da sociedade do Seu e dos tempos futuros, estabelecida sobre bases da percepção sensorial, do lógico e racional imediato, do concreto e do comum. Os primeiros, nas convenções sociais, são sempre aqueles que se esforçam, que triunfam, que conseguem romper as barreiras impeditivas do desenvolvimento convencional, granjeando fama e recebendo honrarias. Os últimos, são os desclassificados, os fracos, os incapazes de sobreporem às próprias deficiências o valor moral e suas manifestações de dignidade e de caráter.
Somente se poderá entender que os últimos são os primeiros, quando se analise outra proposta não menos perturbadora do Seu convite, informando que a porta é estreita, aquela que conduz à salvação, à libertação dos atavismos perniciosos e dos vícios, enquanto a do mundo é larga, prazerosa, de resposta imediata, porque totalmente aberta às sensações que se fazem insaciáveis, portanto, profundamente desgastantes, não compensadoras.
A eleição da porta estreita, aquela que é resultado da luta intrapsíquica em favor das virtudes do equilíbrio, da sensatez, da perseverança nos ideais de enobrecimento, faculta que o candidato permaneça em último lugar na competitividade do mundo, a fim de ser o primeiro em espírito de paz, realizador do Reino dos Céus internamente, onde frui bem-estar e tem dilatados os horizontes das percepções extracorpóreas.
Essas reflexões adaptam-se perfeitamente ao convite em torno do muitos são os chamados e poucos os escolhidos, considerando-se que se trata de um investimento especial na conquista de si mesmo, no desvelamento do Self, na superação dos caprichos egoicos.
Em um estudo convencional, todos os seres encontram-se convidados ao triunfo interior, às conquistas externas, ao equilíbrio emocional, às realizações sociais, à harmonia de comportamento, às atividades edificantes no grupo em que se movimentam. Apesar disso, somente poucos cidadãos conseguem a identificação com todos esses compromissos. Não raro, uns seafadigam pelas posses, pelo conforto em detrimento da vida interior. Outros fogem do mundo e da sua convivência, perseguindo o silêncio e a interiorização, aturdidos, no entanto, com as paisagens conflitivas do inconsciente e os desejos infrenes do prazer não experienciado.
Esse labor levaria à conquista e à união da anima com o animus, qual conseguiu Jesus, por isso mantendo-se sempre em sã conduta e saudável convivência com todos, sem qualquer tipo de tormento íntimo nem desajustamentos emocionais como pessoa e cidadão, inclusive recomendando que fosse pago o tributo a César, enquanto pregava e difundia o Reino de Deus.
Nunca se permitiu o conflito dos dois mundos em litígio. Havia escolhido o melhor e, portanto, comportava-se de maneira equilibrada nesse de menor significado, mas igualmente importante.
Desse modo, quando alguém elege o Reino de Deus, transforma-se interiormente, intentando alcançar o objetivo que tem em mente. A esses se pode aplicar o conceito de Jesus:
— Porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
Em uma análise psicológica profunda, o escolhido é aquele que consegue o triunfo sobre a inferioridade moral, entregando-se com fidelidade à opção realizada, que o compensa interiormente com a alegria do bem que insculpe nos sentimentos.
Quando essa disposição se estabelece e passa a governar o destino do ser, desaparecem-lhe as ambições do triunfo externo, porque compreende a sua desvalia, ou pelo menos não lhes atribui o significado hedonista de gozo exaustivo, que deixa sempre laivos de amargura e de frustração, sem compensar o esforço despendido pelo conseguir.
Desaparece, por sua vez, o egoístico instinto de competitividade, que rende estipêndios para o orgulho, não preenchendo os vazios existenciais. O ser descobre que há prazeres mais significativos e reconfortantes que aqueles que se derivam da posse, da ostentação e do orgulho. Essas expressões do primarismo da consciência, o seu lado escuro, banham-se, por fim, de expressiva claridade com o discernimento daquilo que é importante em detrimento do que tem um sentido transitório, que satisfaz por um momento e não mais atende posteriormente. Essa é a grande luta da criatura humana educada para esmagar, para vencer os outros, mesmo que sob os camartelos dos conflitos internos que aturdem e degradam, levando-a ao desequilíbrio e à loucura.
Em uma sociedade construída conforme os padrões do pensamento do Homem-Jesus, não vicejam as lutas pelos lugares proeminentes, porque aqueles que são portadores da hierarquia real, aquela que os distingue interiormente dos demais, sem os humilhar nem ferir, não estão realmente interessados no destaque comunitário nem na dominação das outras pessoas.
Preocupam-se exclusivamente com a sua realidade de ser imortal, conscientes de que o descer da cortina é também o dealbar da madrugada perene.
Em todos os cometimentos humanos, são muitos aqueles que se encontram convidados para realizações nobilitantes; no entanto, vestidos pela sombra, facilmente se desinteressam de prosseguir por falta da resposta compensadora aos vazios do ego, que se preocupa com o entulhar-se de preocupações e de lutas pela conquista da primazia.
Há convites por toda parte, e nem todos os indivíduos têm olhos para ver nem ouvidos para ouvir, concitando-os à conquista de significados existenciais que os preencham de harmonia, direcionando os seus passos para os rumos melhores, aqueles que não frustram, nem levam a desesperos dispensáveis.
O ser humano se encontra na Terra envolto em batalhas iluminativas cada vez mais severas. Superadas aquelas que tinham a ver com a existência física, e que remanescem nas guerras urbanas ou entre as nações, enfrenta as lutas no lar, no grupo social, no trabalho, mediante as quais adquire sabedoria e aprende a conquistar os altiplanos interiores.
A medida que se robustece emocionalmente, mais desafiadores se tornam os combates, porque se transferem para o campo íntimo onde permanecem as heranças do processo de evolução já conquistada.
Mediante a identificação com os objetivos que deseja alcançar, autoilumina-se e, recorrendo à oração, que é fonte inexaurível de energia, abastece-se e renova-se sem cessar, de modo a triunfar sobre as dificuldades que já não lhe obstaculizam o passo.
Aqueles, portanto, que no mundo são tidos como ultrapassados, ingênuos, não credores da consideração mentirosado convívio social doentio, são os últimos, apesar disso, perfeitamente integrados nos objetivos superiores da vida, tornam-se os primeiros no Reino dos Céus.
Indispensável considerar-se que no jogo das ilusões e na busca da realidade, caracterizam-se os seres psicologicamente infantis e os amadurecidos, que optam pelo melhor e perene, que souberam eleger aquilo que lhes é mais importante, em detrimento do convencional e aceito, imposto pelo convívio terrestre.
Dessa forma, o esclarecimento de Jesus é relevante e deve ser meditado profundamente, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
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Mateus 22:14
Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.
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