Jesus e o Evangelho (Série Psicologica Joanna de Ângelis Livro 11)
Versão para cópiaRealeza - Ev. Cap. II - Item 4
(. . .) Tu o dizes: sou rei; não nasci e não vim a este mundo, senão para dar testemunho da verdade.
A sombra coletiva sempre impõe aos homens e mulheres que lhe padecem as injunções, mediante aquela que lhes é própria, a disputa pela conquista dos lugares transitórios de proeminência e domínio no concerto social e na cultura de cada época, elevando os pigmeus atormentados que se notabilizam pelas excentricidades ou astúcias, perversidades ou heranças ancestrais para, deslumbrados e iludidos, exibirem o triunfo externo sobre as demais criaturas, embora, muitas vezes, sob os camartelos da frustração, do vazio existencial, das tormentosas ambições desmedidas.
Ser rei significava, no passado, a conquista de uma condição que se atribuía como divina, conforme os para essencial do Seu ministério, em razão da consciência da Sua realidade, por onde transita desde então, aprisionado ao corpo, mas inteiramente possuidor da faculdade de sintonia e contato com essa Causalidade.
A Sua trajetória é desenhada na certeza da vida espiritual, aquela que aguarda a todos, a que se insere no contexto das realizações, por ser fundamental na constituição dos ideais e das perspectivas da vida.
O Seu apostolado fixa-se no objetivo ôntico espiritual, no despojar dos condicionamentos e impregnações do trânsito corporal, que representa aprendizagem para alcançar a destinação que aguarda as criaturas terrestres.
Não houvesse a vida futura, nenhum significado existiria em Sua vida -, em todas as vidas - no esforço hercúleo para erguer o ser humano do seu primarismo e recomendar-lhe a incessante luta pela transformação moral, pela aquisição de mais apuradas percepções psíquicas, que se constituem elementos básicos para a constatação desse desiderato.
Essa meta, que deve ser alcançada, justifica todas as dificuldades e desafios existenciais, explicando a Justiça de Deus ante os acontecimentos humanos. A ignorância dos contemporâneos de Jesus a respeito da vida espiritual era muito grande e ainda hoje existem teimosas resistências, que preferem aceitar o filósofo Jesus ao Embaixador de Deus, com a missão específica de derruir as barreiras que dificultam a compreensão da essencialidade da existência corporal, das lutas que devem ser travadas com otimismo, superando em cada uma delas os patamares por onde cada um transita, buscando mais elevado nível de realização interior.
Para aqueles indivíduos, as compensações eram imediatas, como consequência de uma vida saudável ou não, em forma de privilégios ou de desditas, e remotamente examinando a possibilidade de uma variante eterna, de que tinham pouquíssimo ou praticamente nenhum conhecimento.
Submetidas as revelações proféticas aos impositivos históricos e culturais das necessidades prementes pelas quais lutavam, não havia realmente preocupação com o mundo causai, com a face espiritual profunda do ser em si mesmo. Por isso, contentavamse com as suas querelas, ambições e correspondentes resultados terrestres.
Em razão desse limite de entendimento, o Homem-Jesus evitou aprofundar as lições libertadoras, oferecendo aquela que é essencial e está sintetizada no amor sob todos os pontos de vista considerado, preparando o advento de uma futura Nova Era, que se apresentaria através da expansão dos fenômenos mediúnicos, com o advento da Psicologia Espírita defluente da Doutrina codificada por Allan Kardec.
Jesus é o rei desse mundo real, que se manifesta através d'Ele em cada momento, que transcende ao convencional e habitual, de cujo entendimento, e somente assim, tem sentido a existência corporal, portanto, acima dos interesses e disputas mesquinhas do que é transitório e onde fermentam as paixões.
Ele aceitaria uma coroa de ironia, porque não necessitava de nenhuma que lhe cingisse a cabeça, pois que a Sua era uma trajetória superior, sem enganos, sem prejuízos, e Sua governança permanecia após a morte do corpo físico, sem vicissitudes, sem malquerenças.
Além das formulações corriqueiras e comezinhas está sempre presente a Sua realeza e todos a bendizem, conformam-se com ela e pretendem alcançá-la, por sua vez, a fim de nãoexperimentarem angústia ou perturbação, ansiedade ou desequilíbrio.
O cetro e a coroa que expressam o Reino de onde Ele veio e para onde deseja conduzir as Suas ovelhas como Pastor gentil que irá apresentá-las ao Supremo Criador, é o amor que encerra as mais completas aspirações existenciais do ser humano.
Nele não há lugar para condutas extravagantes e exigências descabidas; antes proporciona segurança de si mesmo no desempenho dos programas e condutas que a cada um dizem respeito.
Hálito divino, vibração que equilibra o Universo, o amor é a essência fundamental para a vida sob qualquer forma em que se expresse, liame de vinculação de todas as formas vivas com a sua Fonte Geradora.
Graças a essa energia constante que pulsa no Cosmo, se apresenta como identificação harmônica com as demais expressões de vida, em um verdadeiro hino de louvor e de engrandecimento ao Psiquismo Divino que a concebeu e elaborou.
Integrando as moléculas como condição de força de atração para a formação do conjunto, no ser humano é o sentimento mais profundo de afetividade que fomenta a felicidade e desenvolve o progresso, transformando a face áspera do planeta e desgastando as arestas das imperfeições que predominam em a natureza animal, a fim de se revelar em plenitude aquela outra que é de ordem espiritual.
Foi esse Reino de amor que Jesus-Homem veio instalar na Terra. Dessa forma, sem rebuços contestou ao interrogante atormentado, sob o impacto da sombra, envolvido pelo seu lado escuro da personalidade doentia:
—Sou rei; não nasci e não vim a este mundo senão para dar testemunho da verdade - que na sua definição profunda e penetrante é Deus.
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João 18:37
Disse-lhe pois Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
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