Jesus e o Evangelho (Série Psicologica Joanna de Ângelis Livro 11)

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A busca - Ev. Cap. XXV - Item 2

A busca - Ev. Cap. XXV - Item 2

Buscai e achareis.


Mateus 7:7

A medida que o ser adquire consciência da realidade do Si profundo, a busca de mais elevados patamares torna-se inevitável. Conquistado um degrau, outro surge desafiador, enriquecido de possibilidades dantes não conhecidas.

Ascende, passo a passo, em incessante desenvolvimento de valores que se tornam urgentes de conquistados, conseguindo maior compreensão dos objetivos da vida.

Enquanto o bruto contenta-se com o essencial para a existência, apenas experimentando impulsos e dando campo às necessidades imediatas, aquele que pensa aspira a mais significativas realizações que ultrapassam os impositivos automatistas do fenômeno orgânico.

Saindo da sombra total, em razão da ignorância em predomínio, na qual se encontrava, a aquisição de luz interna deslumbra, ensejando horizontes mais nobres, que atraem irresistivelmente para cima, para o Infinito.

O Homem-Jesus sabia-o, em razão de haver atingido anteriormente o mais elevado nível de evolução, que O destacava das demais criaturas terrestres, apresentando-se como o Modelo e o Guia a ser seguido. Criado por Deus, e havendo alcançado o excelente estágio de progresso e de iluminação em que seencontrava, aspirava para todos os indivíduos a mesma posição, tendo, por Sua vez, o Pai como exemplo e foco a ser conquistado.

Sendo o progresso infinito, não se contentou no que havia adquirido, detendo-se em improfícuo e absurdo repouso, por entender que entre Ele e o Criador medeia um verdadeiro abismo de evolução, tanto quanto um outro vão desafiador existe entre os seres terrestres e a situação que Ele desfruta na escala de valores morais e espirituais.

Assim sendo, propôs que ninguém se satisfaça com o já conseguido, antes cresça, busque, entregando-se ao esforço incessante da libertação dos atavismos iniciais, e ascenda no rumo da Grande Luz, tendo-O por condutor seguro.

Antes, porém, de ser empreendida por alguém essa busca, torna-se necessário que saiba o que deseja e para qual finalidade o almeja.

A luz do Psicologia Profunda, a única realidade é aquela que transcende os limites do objetivo, do imediato, das necessidades do prazer sensualista e da exaltação do ego. As metas reais da existência são aquelas que facultam a harmonia que nunca se apresenta como consequência do cansaço, em uma arquitetura de paz equívoca, mas de perfeita identificação entre os diversos conteúdos do ser real e o seu equilíbrio com o ego, retirando-lhe a dominação perturbadora e destituída de sentido elevado.

O afadigar-se pela conquista das coisas, planejando reunir valores materiais que se transformam em pesada carga, transferindo-se de um para outro estado do desejo de ter mais, não constitui objetivo legítimo para a busca. Essas aquisições fazem parte das necessidades hedonistas, no incessante permutar de tipos de prazer, que deixam frustração e vazio existencial.

Embutida nessa busca desordenada e competitiva encontra-se uma forma de libido não genésica, que leva à compensação sexual quando alguma falência nessa área se apresenta, e é disfarçada pela autorrealização noutro campo.

O progresso é resultado de contínuas tentativas de realizações em crescendo sob a inspiração da cultura e do conhecimento.

Dilata-se na razão direta em que são alcançados alguns níveis e se desenham outros ainda não atingidos, desafiadores e ricos de possibilidades para o ser que anela crescer e plenificar-se. A busca, na acepção da Psicologia Profunda, é o intenso labor de autoaprimoramento, de autoiluminação, esbatendo toda a sombra teimosa, geradora de ignorância e de sofrimento.

Quando se busca com sinceridade, empenhando-se com afinco na sua realização, os obstáculos são vencidos com decisão, abrindo perspectivas muito confortadoras que ensejam a plena realização do Si profundo. Jesus o confirmou com sabedoria nessa trilogia magistral: Pedi, buscai, batei, dignificando o ser humano que nunca se deve deterno já conseguido, pois que a fase da razão em que se demora, facultando-lhe a consciência individual, se dilatará para mais significativa experiência, que é a da intuição, por onde transitará até vivenciar a consciência coletiva que se espraia no Cosmo.

Quando existem limites no processo de crescimento espiritual e moral, maior esforço deve ser apresentado para a sua ruptura, porquanto a ascensão é feita de aberturas que se ampliam ao Infinito.

Todos aqueles que se entregaram à dilatação dos horizontes humanos na Terra compreenderam essa necessidade de serem alcançados níveis intelecto-morais mais significativos, e por isso não se cansaram de lutar, compensando-se com as alegrias de cada conquista, sem que se permitissem deter nelas. A esse afã se devem as mais grandiosas conquistas do pensamento humano sempre ávido por novos desafios.

A cultura materialista e a visão utopista que aturdem as criaturas lutam para estabelecer parâmetros definidores da felicidade possível na Terra.

A primeira propõe o prazer incessante, como se os automatismos existenciais jamais fossem interrompidos ou nunca sofressem alteração, mantendo o ser na mesma estrutura do período em que goza. A falência da sua propositura é inevitável, porque a cada momento a maquinaria orgânica sofre alterações expressivas e o ser emocional não se basta apenas com as sensações que o exaurem, não atendendo às necessidades estéticas, morais que lhe são inatas. A outra, propondo uma sociedade constituída de beleza e de tranquilidade, na qual não se manifestem dificuldades nem dores, logo desaparece ante a improbabilidade de uma alteração nas paisagens humanas de um para outro momento, ou mesmo a médio prazo, em face dos impedimentos evolutivos que tipificam a maioria dos seres humanos.

A belicosidade, o predomínio do egoísmo no comportamento, o atraso moral constituem dificuldades muito grandes a serem vencidas, por dependerem exclusivamente de cada ser. Nenhum decreto externo, imposição alguma poderá alcançar a criatura em si mesma lutando com as suas dificuldades e limitações. A Lei de Progresso é inevitável; esse, no entanto, ocorre a sacrifício mediante lutas constantes. Acostumado ao prazer, o contributo do esforço que exige morigeração nos hábitos e costumes, alteração de conduta e esforço contínuo, parecem aos cômodos uma forma de sofrimento, ausência de harmonia, não se interessando por dar início a esse impositivo de crescimento interior.

A única possibilidade, portanto, de romper-se com essas duas correntes dominantes no concerto social é aquela que o desafia para a conscientização de que tudo quanto o cerca, apalpa, desfruta externamente, tem existência relativa em contextura e em temporalidade. Isso porque, somente são contatadas aparências momentâneas que ferem os sentidos objetivos, não sendo realmente assim constituídas. Por outro lado, o tempo que pode proporcionar bem-estar é sempre de breve duração em relação à perenidade. Como somente é eterno o ser real, o Espírito, para ele e para o seu mundo causai devem ser direcionadas todas as aspirações e realizações, de forma que não sofram os planos de felicidade qualquer solução de continuidade como decorrência das circunstâncias materiais em que se vive na Terra.

A conscientização da imortalidade, portanto, é de relevante importância para a busca, aquela que não se detém quando se conseguem os objetos, as ambições materiais e emocionais que atendem a um momento e logo cedem lugar a novas expressões de ansiedade.

O ser real nunca se detém no crescimento interior, sempre aspirando por maiores logros. A sua capacidademomentaneamente limitada de satisfação amplia-se à medida que se lhe dilatam as percepções da imortalidade e ânsias de infinito.

Desse modo, a lição proporcionada por Jesus em grande desafio à criatura humana permanece como diretriz que não pode ser retirada do comportamento espiritual do ser: Buscai e achareis. . .




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Mateus 7:7

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.

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