Da Manjedoura A Emaús

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CAPÍTULO 9

Estrela no Oriente

E, TENDO nascido Jesus em Belém de Judeia no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. (Mateus 2:1-2)
Os magos causaram alarme a Herodes e a toda Jerusalém quando perguntaram pelo “rei dos judeus recém-nascido” e mencionaram a estrela anunciadora que cruzou os céus do Oriente.
Convocados o alto clero e os escribas, Herodes perguntou-lhes onde deveria nascer o Messias. Responderam-lhe: Belém. Ardiloso, ele simulou o desejo de homenagear o príncipe-menino, rogando aos magos, no regresso, trazerem notícias sobre a criança.
“E eis que a estrela que tinham visto no seu surgir ia à frente deles até que parou sobre o lugar onde se encontrava o menino. Eles, revendo a estrela, alegraram-se imensamente”. (MATEUS 2:9-10.)
Muitos estudiosos são céticos e não creem na ocorrência do fenômeno, afinal era comum entre os antigos anunciar o aparecimento de uma estrela especial na oportunidade do nascimento de um grande.
Há séculos, no entanto, vêm sendo concebidas variadas explicações sobre esse sinal do céu que anunciou Jesus.
Diversos corpos celestes e fenômenos astronômicos foram sugeridos para explicar a estrela de Belém: meteoros, cometas, o planeta Vênus, novas e supernovas.

Orígenes, um dos maiores sábios do Cristianismo de todos os tempos, foi quem propôs a hipótese de um cometa, mais tarde denominado cometa de Halley.
A sugestão se tornou tradição popular a partir de 1301, depois de nova passagem do cometa Halley junto à Terra, vindo a incorporar telas e afrescos acerca do tema, representando-se acima do estábulo de Belém um cometa resplandecente.
Os registros chineses sobre os cometas esclarecem, contudo, que a passagem do Halley, no começo da Era Cristã, se verificou em 25 de agosto do ano 12 a.C., mostrando-se visível na constelação de Gêmeos; logo, anos antes do nascimento de Jesus.
Dois outros cometas mencionados nos registros chineses poderiam ser considerados, em tese. O primeiro apareceu na constelação de Capricórnio no ano 5 a.C., ou seja, o ano em que as fontes espirituais designam o nascimento de Jesus: 749 da fundação de Roma (XAVIER, 2013d, cap. 15, p. 82), e não 754, como fixado por equívoco pelo frei Dionísio, o Pequeno. O segundo cometa surgiu na constelação da Águia, no ano 4 antes de Cristo.
Estrelas explosivas poderiam igualmente elucidar a citação do Evangelho de Mateus. As novas e as supernovas são astros que, respectivamente, têm a luminosidade multiplicada por dez mil vezes e cem milhões de vezes, durante semanas, e desaparecem do firmamento em seguida. As novas costumam ser frequentes; em média, cinco por ano. As supernovas, muito raras; uma a cada trezentos anos.
A hipótese de que o corpo celeste avistado pelos magos fosse uma estrela nova ganhou respaldo quando o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe detectou o aparecimento de uma brilhante estrela na constelação de Cassiopeia, em 11 de novembro de 1572. A magnitude (brilho de um astro) e a cintilação (deformação da onda luminosa das estrelas) fizeram essa explosão de estrela visível à luz do dia e observável por mais de dezessete meses. Àquela época, o evento provocou ampla repercussão e perigosas implicações. A imutabilidade dos céus era um dogma da Igreja.

Esse fenômeno abalava os alicerces de um céu perfeito, fixo e imutável. Prosseguindo em suas pesquisas, Tycho Brahe descobriu ainda que o fenômeno ocorrera em 7 a.C., data plausível para o nascimento de Jesus entre os especialistas.
Pouco antes do Natal de 1603, o astrônomo Johannes Kepler foi surpreendido, em Praga, através do seu modesto telescópio, pelo também belo e raro fenômeno da conjunção dos planetas Júpiter e Saturno. Kepler recordou um escritor judeu que citava uma tradição: o Messias surgiria durante uma conjunção de Saturno e Júpiter na constelação de Peixes, pois Júpiter era considerado a estrela da realeza e Saturno era a estrela protetora de Israel.
Chama-se conjunção a posição de dois corpos celestes no mesmo grau de longitude. Os cálculos de Kepler demonstraram a ocorrência de uma conjunção planetária tríplice entre Júpiter, saindo da Constelação de Aquário, e encontrando Saturno na constelação de Peixes, em 7 antes de Jesus. Kepler foi corrigido, mais tarde, pelo cronologista alemão Christian Ludwig Ideler, no início do século XIX. A tríplice conjunção deu-se em 748 da fundação de Roma, isto é, no ano 6 a.C., em 20 de maio, 27 de outubro e 12 de novembro.
Essa tese aclararia dois trechos do relato evangélico.
MATEUS 2:2 diz na tradução da Bíblia de Jerusalém: “vimos a sua estrela no seu surgir”. Em nota ao versículo, é lembrada a tradução tradicional: “vimos a sua estrela no Oriente”.
Júpiter e Saturno teriam realizado uma aparição helíaca. Os astrônomos utilizam o termo helíaco para expressar o nascimento visível de um astro no crepúsculo da manhã.
Conforme Werner Keller (1978, p. 359):
Críticos hábeis descobriram que as palavras no Oriente correspondem ao original en té anatolé. Isso é grego, na forma singular. Em outra passagem, anatolai, portanto plural, é traduzido por Oriente. A forma singular anatolé devia ter, porém, um sentido astronômico todo especial, devendo compreender a observação do nascimento do astro de madrugada, o nascimento helíaco. De acordo com essa crítica do texto, a tradução clara, na linguagem especializada dos astrônomos, seria: “Vimos sua estrela aparecer nos alvores do crepúsculo matutino”.
Um segundo trecho ganharia também compreensão com a hipótese da conjunção Júpiter—Saturno.
O versículo 10, do capítulo 2, de MATEUS, narra o reencontro dos magos com a estrela, após deixarem Herodes em Jerusalém: “Eles, revendo a estrela, alegraram-se imensamente”.
Uma conjunção tríplice é a sucessão de três conjunções de dois planetas num curto período, e não a aproximação de três planetas.
Como a conjunção foi tríplice, explica-se a ausência momentânea da estrela e a possibilidade de revê-la.
Um fato, entretanto, afasta a tese da conjunção planetária. A aproximação máxima de Júpiter e Saturno foi de um grau, em 6 a.C., quer dizer, o dobro do diâmetro aparente da lua cheia. Júpiter e Saturno só poderiam ser vistos separados por uma distância visual duas vezes maior do que a lua cheia; não era possível enxergá-los como se fossem um único astro.
Amélia Rodrigues (FRANCO, 1991a, p. 14-17), após analisar os esforços dos estudiosos em busca das “diretrizes que clarifiquem, em definitivo, o insuspeito acontecimento, na noite santa em que ocorreu o Natal de Jesus”, informou que Jesus é a constelação dos astros divinos ergastulados temporariamente na forma humana para conviver com os homens, deixando pela atmosfera envolvente do Planeta o rastro luminescente da sua imersão, como mensagem de advertência reveladora.
Os magos não foram guiados por uma estrela, mas por um efeito óptico gerado pelo rastro das radiações luminosas que o Cristo e a corte de entidades superiores que o acompanhou deixaram pela senda espiritual que atravessaram, até que Jesus mergulhou nas vibrações da vida material.
E concluiu a benfeitora espiritual:
Seja qual for a hipótese respeitável sobre a estrela de Belém, a união dos Espíritos de Luz que mantinham o intercâmbio entre as duas Esferas formou um facho poderoso que indicava o lugar da tradição, em que Ele deveria começar o ministério entre os homens... Pastores e reis magos, todos videntes, convidados pelas Entidades Celestes, seguiram-na, cada um a seu turno, enquanto os cantores sublimes proclamavam: Glória a Deus nas alturas e paz na Terra entre os homens de boa vontade!



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Mateus 2:9

E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.

mt 2:9
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Mateus 2:2

Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo.

mt 2:2
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