Agenda Cristã

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Prefácio de Emmanuel


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Legiões de companheiros procuram diretrizes, preocupados em traçar caminhos exteriores…

Estimariam receber do Plano espiritual sugestões diretas que os elevassem às culminâncias da vitória fácil. Desejariam reajustar os negócios que lhes dizem respeito, modificar intempestivamente a atitude mental de pessoas queridas, penetrar o segredo das circunstâncias improvisadas na aplicação do livre arbítrio alheio, à custa de pareceres dos irmãos desencarnados, habitantes de outros círculos. Entretanto, indivíduo algum fugirá à experiência, cuja função é ensinar e melhorar sempre.

Em face de semelhante realidade, qualquer orientação sem base na harmonia íntima não passará de simples jogo de palavras, no serviço, muita vez louvável e benéfico, da contemporização.

O homem renovado para o bem é a garantia substancial da felicidade humana. Eis porque, antes de tudo, é imprescindível o engrandecimento do ser, diante da vida e do Universo, invariavelmente tocados, nos menores ângulos, pelas maravilhas divinas.

Como orientar acontecimentos, conduzir providências, controlar manifestações ou harmonizar elementos para determinados fins, sem equilíbrio na fonte de efeitos, situações e ocorrências, sediada em nós mesmos?

O indígena, transportado a um palácio de cultura moderna, de modo algum poderá exigir que a Civilização regresse à taba para satisfazer-lhe a compreensão deficiente, cabendo-lhe, ao contrário, o dever de educar-se a fim de entender o progresso do mundo.

O astrônomo, chumbado ao solo do planeta, não solicitará às estrelas o abandono da rota que as leis cósmicas lhes assinalam no campo infinito, competindo-lhe a obrigação de aprimorar os aparelhos de ótica, de maneira a alcançar seus objetivos, ante a grandeza celeste.

Seria infantilidade fustigar moscas sobre o foco infeccioso, a pretexto de sanar o mal. Determina a lógica a extinção daquele.

O homem, herdeiro do Céu, refletirá sempre a Paternidade Divina, no nível em que se encontra.

Fujamos, assim, aos velhos propósitos de conseguir veludoso acesso aos benefícios baratos.

Inegável o imperativo da colaboração na jornada evolutiva.

Em todos os departamentos do Universo, conheceremos benfeitores e beneficiados. A própria hierarquia, para ser bem vivida, fundamentar-se-á em princípios de solidariedade.

No entanto, se não é lícito menosprezar o favor, não devemos viciar a proteção.

É compreensível o socorro sistemático à plantinha tenra, como é natural a escora destinada ao vegetal benfeitor sobrecarregado de frutos. Nós outros, porém, afeitos à revelação da imortalidade, não somos detentores senão de conhecimentos puramente embrionários e estamos longe da superprodução nos setores do bem. Somos Espíritos humanos, distanciados da inexperiência original e baldos de virtudes, sob a justa necessidade de iluminar a consciência, aprimorar sentimentos e aperfeiçoar qualidades individuais, para que não estejamos recebendo em vão, as bênçãos do Senhor.


Este pequeno curso de Espiritualidade que André Luiz apresenta não é presunçoso ementário de recomendações rigoristas. É mensagem amiga para companheiros que reclamam diretrizes das entidades espirituais, como se o verdadeiro trabalho salvacionista residisse fora deles mesmos. Ele apresenta a palavra do nosso Plano de luta, onde aprendemos que o milagre da perfeição é obra de esforço, conhecimento, disciplina, elevação, serviço e aprimoramento no templo do próprio “eu”. Não se trata, portanto, de manual pretensioso.

Aqui, leitor amigo, você observará somente a lembrança dos antigos ensinos do Mestre, em novo acondicionamento verbal, de modo a recordarmos com Ele que o Reino Divino — edificação de Deus no Homem — em verdade jamais surgirá no mundo por aparências exteriores.



Pedro Leopoldo, 18 de junho de 1947.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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