A Vida Conta

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Capítulo XII

Honra de servir


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Às vezes, alma irmã, dizes que a vida

É um tecido de lutas colossais,

Que não tens paciência de sofrê-las,

Que não suportas mais.


Acalma-te, no entanto, pensa e nota:

Sem que os problemas surjam tais quais são,

Tudo seria o caos no campo da existência,

Deserto sem degraus de elevação.


— “Paciência — explicou-nos sábio amigo —,

É o respeito ideal que se mantém,

Entre os seres e as vidas que se entrosam

Para a realização do Eterno Bem.”


Para que não se faça barro e lodo,

Pântano incomodando o próprio ar,

Deve a fonte servir no curso a que se prende,

No anseio de atingir a grandeza do mar.


Se o trigo recusasse a mó que o pulveriza,

Faria nobre prato com certeza

Ou talvez fosse adorno para o mundo,

Mas não seria pão brilhando à mesa.


Sem controle da usina que a governa,

Depois de acumulada onde se ativa,

Seria a força da eletricidade

Unicamente força destrutiva.


Se quisesse fugir da órbita a que atende,

Seria o próprio sol, nos espaços profundos,

Um monstro luminoso sem destino,

Perturbando a mecânica dos mundos.


Paciência, alma irmã, é o dom do entendimento,

A honra de servir que temos ao dispor,

Para erguer, ante os Céus, nos distritos da Terra,

O caminho da Paz e a presença do Amor.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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