A Vida Escreve

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Capítulo XII

Mesmo ferido


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O rapaz fora rudemente esbofeteado num baile. Em sã consciência, não sentia culpa alguma. Nada fizera que pudesse ofender. Por mera desconfiança, o agressor esmurrara-lhe o rosto. “Covarde, covarde” — haviam dito os circunstantes. Ele, porém, limpando a face sanguinolenta, compreendeu que, desarmado, não seria prudente medir forças. Jurara, porém, vingar-se. E, agora, munido de um revólver, aguardava ocasião. Um amigo, no entanto, percebendo-lhe a alma sombria, instou muito e conduziu-o a uma reunião da Doutrina Espírita.

Desinteressado, ouviu preces e pregações, comentários e apontamentos edificantes.

Ao término da sessão, porém, um amigo espiritual, pela mão de um dos médiuns presentes, escreveu bela página sobre o perdão, na qual surgiam afirmações como estas:

— A justiça real vem de Deus.

— Ninguém precisa vingar-se.

— Mesmo ferido, serve e perdoa.

— A corrigenda do ofensor pode ser amanhã.

O jovem ouviu atentamente e saiu pensando, pensando…

Na manhã seguinte, topou, face a face, o desafeto, mas recordou a lição e conteve-se. Por uma semana se repetiu o reencontro, e, por sete vezes, freou-se prudentemente.

Dias depois, porém, retornando ao trabalho, encontra um enterro e descobre-se. Só então vem a saber que o grande esmurrador, aquele que o ferira, morrera na véspera, picado por escorpião.



(Psicografia de Francisco C. Xavier)



Hilário Silva
Francisco Cândido Xavier


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