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Versão para cópiaCaso de Vitorino
Disse o Guia: “Vitorino A mais importante norma De sublimar a existência É a nossa própria reforma. Não se descuide. Inda agora, Ouça o aviso do Além, Ninguém consegue elevar-se Sem renovar-se no Bem.” Respondeu o interpelado, Humilde, baixando o olhar: — “Repito-vos, caro Guia Eu prometo melhorar.” Muito embora, Vitorino Fosse ao grupo de oração, Fora do grupo, era ele A própria contradição. Negociando ouro e joias, Bebia sempre onde ia. Transtornado, de repente, Insultava e discutia. Mantinha a esposa e dois filhos, No entanto, chegando em casa, Era um ébrio renitente, Mostrando os olhos em brasa… Espancava a companheira Pobre louco em desatinos, Em seguida ao quebra-quebra, Espancava os dois meninos. Ameaçava os parentes, Rixava por frase à toa, Chegando a noite das preces Parecia outra pessoa. No grupo, o Guia amoroso, Continuava a falar, Vitorino respondia: — “Eu prometo melhorar.” No outro dia, a mesma nota, Era a pessoa insegura, Bebia constantemente, Quase atingindo a loucura. Vitorino possuía Outra casa e outra mulher, Gritando para os vizinhos: “Tenho a vida que eu quiser.” Essa infeliz criatura, Se o bebum aparecia, Também sofria, humilhada, Injúria e pancadaria. A essa mulher segunda Ele chamava de “estepe”; Era uma jovem doente, Magrinha que nem ganzepe. Chegando a noite das preces, Eis o Guia a aconselhar, Ele, porém, só dizia: — “Eu prometo melhorar.” Mas os anos transcorreram, Aos tragos, sem intervalo, Assustado, certa noite, Viu a morte a procurá-lo. Todo encolhido no leito, Sofria grande aflição, Terríveis e fortes dores Em torno do coração. Ele pediu: “Morte amiga, Deixe-me, quero sarar, Se tenho errado no mundo Eu prometo melhorar.” Disse a Morte: “Não se queixe, Entenda, prezado amigo, Não me venha com promessas Seu caso agora é comigo!… Você teve muitas chances, Muito dinheiro e conforto, Você continua vivo Mas o seu tempo está morto!…” Vitorino, estarrecido, Notou a morte ao seu lado, Depois em breves momentos Estava desencarnado. No outro dia, grande enterro, Descia por flórea rampa E duas mulheres tristes Chorando na mesma campa. .Jair Presente |
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