Alma e Vida
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A alegria de Jesus
Ele, homem de fé, Ouvira alguém dizer, um dia, Que Jesus, em legando a paz ao mundo, Também deixara aos homens, Junto à bênção da paz, em sentido profundo, O dom celeste da alegria. A calma ele encontrara esquecendo as ofensas E cumprindo o dever que lhe cabia. No entanto, onde encontrar o júbilo do Mestre, Entre as contradições do caminho terrestre? Buscou sinceramente o serviço das crenças… Todas elas traçaram A senda nobre e reta, Mostrando a fé por meio e os altos Céus por meta, Mas, muitos dos fiéis, quase em todos os cultos, Eram tristes, amargos, sofredores; Pediam proteção, chorando as próprias dores, Fossem jovens ou adultos, Em vasta maioria, Oravam tão somente a rogar e a gemer, Pouca gente sabia agradecer Ao chão que lhes doava água, apoio e comida, Nem pensar na grandeza Da própria natureza Que lhes acalentava os dons da vida. Onde estava a alegria de Jesus? Ele foi procurá-la No cimo da montanha, Entretanto, a montanha em plena luz Que o Sol lhe endereçava em raios cor de opala, Era bela e altaneira, Mas lamentava os temporais Que lhe abriam no corpo as chagas da erosão. Foi ao vale a se abrir em pompas naturais Na beleza das flores… O vale era um jardim de perfumes e cores, Mas censurava as larvas que o feriam… Ele foi consultar As áreas de um pomar, As árvores mais fortes e mais belas Talvez fossem as altas sentinelas Da divina alegria… As árvores, porém, Todas vestindo em verde, alegres e felizes Sobre os sapatos das raízes, Davam a quem passasse os próprios frutos, Entretanto, queixavam-se do vento, Que lhes quebrava o corpo, ao furacão violento. O homem foi ao mar… O oceano que se reconhecia O gigante maior; existente no mundo, Expressava-se em cólera sombria, Talvez gritando a dor em que vivia, Por ocultar, no próprio fundo, As vítimas de guerra E os resultados da pirataria… Ele peregrinou, quase que em toda a Terra, Sem achar a alegria de Jesus. Numa noite, porém, chuvosa e fria, Lobrigou na calçada Um velhinho caído sem ninguém… Sofreu ao ver-lhe o peito e os braços nus; Não quis saber quem era… Ali estava alguém Que devia tratar qual se lhe fosse irmão. Conhecia um telheiro próximo e vazio, Podia socorrê-lo e livrá-lo do frio. Tomou-o com cuidado, Aconchegando ao peito o infeliz desmaiado; No entanto, ao dedicar-lhe a máxima atenção, Sentindo que lhe ouvia o próprio coração, Notou que lhe nascia No âmago do ser um júbilo profundo Associado à paz de que se revestia. Ao transportar o pobre ancião, Ele reconheceu que descobria, Sob o calor de estranha luz, Em sublime alegria, A celeste alegria de Jesus. Desde então, muito embora Cumprisse as obrigações de cada hora, Em todos os sentidos, Fez-se o irmão dos caídos… Carregava esses pobres companheiros Que encontrasse na rua Para abrigos, refúgios e telheiros. Não só isso, Doava sempre a quem necessitasse A própria prestação de apoio e de serviço… O tempo desgastou-lhe o corpo alterado e doente Ele, porém, sentia-se feliz, Servindo sem cessar Na mesma diretriz. Numa noite, entretanto, ele caiu, Ao carregar um ébrio desditoso… Estirado no pó, quase que num instante, Viu-se fora do corpo enfermo e idoso… Sob dor lancinante, Qual se agudo punhal lhe traspassasse o peito… Fitou o antigo corpo imóvel, Conquanto fraco, embora, Usufruía agora Um corpo mais perfeito. Sentiu-se um tanto inquieto… O que seria? Mas alguém se mantinha de vigia… Era um homem trajando um manto acolhedor Que lhe estendia os braços num sorriso Feito de paz e amor… E ele que carregara tanta gente Viu-se, então, transportado, de repente, E esquecendo a doença, o desgaste e o cansaço, Notou que resguardado com carinho, Ele e o homem de luz Subiam juntos para o Grande Espaço… Que se passava ali? O que haveria? Ele não quis saber… Repousava e seguia Nos braços que o guardavam, Atento ao benfeitor que o conduzia; Ele sabia apenas Que atravessava as regiões serenas Da Altura recamada De branda e extensa luz Buscando o Grande Além, chorando de alegria, Na celeste alegria de Jesus. .Maria Dolores |
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